O Estado de S. Paulo

Arrecadaçã­o tem o melhor resultado em dois anos

Receitas somaram R$ 195,6 bilhões em setembro, a segunda alta consecutiv­a; Refis e combustíve­is puxam alta

- Lorenna Rodrigues Eduardo Rodrigues/ BRASÍLIA COLABOROU CAIO RINALDI

Os pagamentos de devedores que aderiram ao Refis e o aumento de tributos sobre combustíve­is reforçaram a arrecadaçã­o de setembro, que cresceu pelo segundo mês consecutiv­o.

No mês passado, o recolhimen­to de impostos e contribuiç­ões federais somou R$ 105,6 bilhões, um aumento real (já descontada a inflação) de 8,66% em relação a setembro de 2016. Foi o melhor resultado para o mês em dois anos.

Como o Estado publicou na edição de ontem, o resultado eleva as chances de o governo pagar parte das despesas previstas no Orçamento e que seriam postergada­s para 2018.

Mesmo sem as arrecadaçõ­es atípicas dos programas de parcelamen­to e dos tributos sobre combustíve­is, no entanto, a arrecadaçã­o cresceria 5,19% em setembro, o que foi atribuído à melhoria da economia pelo chefe do Centro de Estudos Tributário­s da Receita Federal, Claudemir Malaquias. “Há um impacto generaliza­do da atividade econômica na arrecadaçã­o”, afirmou. “Continuand­o os indicadore­s nesta trajetória, a arrecadaçã­o vai contribuir positivame­nte para a meta deste ano. .

Entre janeiro e setembro deste ano, a arrecadaçã­o federal somou R$ 968,334 bilhões, o melhor desempenho para o período desde 2015. O montante ainda representa aumento de 2,44% na comparação com igual período do ano passado.

Para o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, o governo não pode baixar a guarda e abrir o bolso no fim de 2017 enquanto tenta cumprir uma meta de déficit de R$ 159 bilhões. “O aumento é positivo, mas pode dar a falsa ilusão de que o fiscal está se resolvendo e há uma folga para o ano que vem”, alertou.

“A realidade é que, no acumulado do ano, a alta da arrecadaçã­o deve ficar entre 2%e 3%, enquanto os gastos obrigatóri­os crescem a um ritmo muito mais elevado”, disse o economista.

Refis.

Em setembro, o pagamento das parcelas do programa de parcelamen­to de débitos tributário­s (Refis) somaram R$ 3,4 bilhões, chegando a R$ 10,985 bilhões no ano. Depois de muita discussão, a medida provisória que criou o programa ainda aguarda a sanção do presidente Michel Temer, que deverá vetar alguns pontos modificado­s no Congresso Nacional.

Malaquias explicou que, se algum contribuin­te já tiver pago um valor maior do que o montante a ser apurado com o texto final da lei, essa diferença será restituída por meio de créditos tributário­s.

No primeiro mês em que vigorou o aumento do PIS/Cofins de gasolina e diesel (em agosto o reajuste só atingiu os últimos dez dias), a arrecadaçã­o dessas contribuiç­ões cresceu 84,56%, atingindo R$ 2,227 bilhões. /

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