Conversa com os pais evita consumo precoce de álcool
Participação dos pais é determinante para retardar a primeira experiência dos jovens com bebidas
Oss efeitos do álcool do organismo são conhecidos, e os riscos provocados pelo consumo exagerado de bebidas alcoólicas também. No entanto, eles não são suficientes para inibir a iniciação etílica precoce. O primeiro contato dos adolescentes com as bebidas alcoólicas acontece cada vez mais cedo. E, segundo estudos e especialistas, a família tem responsabilidade nesse cenário.
“Muitos pais acham que devem ensinar ao filho beber em casa. Estudos comprovam, no entanto, que a dependência é maior quando a introdução ao uso é feita mais cedo”, afirma a biomédica Erica Siu, coordenadora do CISA, Centro de Informações Sobre Saúde e Álcool.
O incentivo a atividades como esportes e a música foi o recurso adotado pela gerente comercial Carolina Tanasi, 34 anos, com o filho Carlos Henrique Tanasi, de 15 anos. Eles conversam sobre o consumo de álcool desde que Carlos tinha nove anos. “Meu pai era alcoólatra, faleceu aos 35 anos, quando eu tinha 12”, conta Carolina. Ela afirma que o exemplo do pai ajudou-a a dialogar com o filho. Aluno do primeiro ano do ensino médio, Carlos passa a maior parte do tempo dedicados aos estudos da flauta transversal e faz aula de música três vezes na semana. Ele também gosta de sair com os amigos, especialmente para ir ao parque do Ibirapuera, em São Paulo, mas afirma que costuma alertá-los sobre os males do álcool. “Eu mesmo nunca vi outros amigos ficando bêbados, mas já ouvi conversando com eles, ouvi que já ficaram”.
Cenário. No Brasil, o contato dos adolescentes com o álcool começa antes do ingresso no ensino médio. A última Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (Pense) 2015, lançada no final do ano passado pelo Ministério da Educação (MEC), aponta que 55% dos entrevistados - mais de 2 milhões de alunos do 9º ano do ensino fundamental das redes pública e privada do País -, responderam positivamente sobre o consumo de bebida alcoólicas.
Um outro importante estudo sobre o tema, publicado em março pelo jornal científico Addiction, mapeou e analisou 12 fatores de parentalidade associados à experimentação precoce do álcool. Entre os fatores de risco identificados está a quantidade de bebidas consumida em casa pelos pais. Em contrapartida, o levantamento também mostra que a própria família tem o poder de evitar que os adolescentes tenham um contato prematuro com as bebidas dialogando sobre o assunto e monitorando as atividades dos jovens. “O uso costuma começar por volta dos 11, 13 anos. Os primeiro diálogos devem ser antes disso”, recomenda Erica.
Durante o Bate-Papo Lado A Lado B o médico Maurício Lima Souza ressaltou a importância de abrir o espaço de discussão. “Ser proibitivo não adianta nada. Jovem precisa de bons exemplos. E eles podem começar em casa.”