Economia criativa
Nesse novo campo de atuação, paixão e plano de negócios andam juntos. Profissional trabalha em áreas como cultura, mídia, games e softwares
O envolvimento com as artes plásticas começou como um gosto pessoal. Ao longo dos anos, o executivo Fábio Luchetti manteve contato com esse universo também por motivos profissionais, ao coordenar projetos culturais da empresa que preside. “Fui conhecendo artistas, curadores, e fui me apaixonando cada vez mais”, conta.
Como executivo experiente, Luchetti sabia que sua paixão era importante, mas não era suficiente para montar um negócio sustentável. Por isso, se preparou muito antes de abrir a Galeria Adelina, inaugurada em abril deste ano. “Levei cinco anos nesse projeto. Fiz o curso de Museologia da Belas Artes, conheci o circuito da arte, entendi o lugar da galeria neste circuito, mapeei as principais galerias do Brasil e de fora.”
As artes plásticas fazem parte de um novo campo chamado de economia criativa, que passa também pelas demais expressões artísticas, pela mídia, pela arquitetura e pelo desenvolvimento de games e softwares. “Envolve o bem-estar, o que o ser humano precisa além do material”, explica Sidney Leite, pró-reitor acadêmico do Centro Universitário Belas Artes.
Mudanças. É um setor que, no Brasil, tem apresentado um desempenho bastante positivo. De 2010 a 2016, de acordo com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES),
as vendas de ingressos de cinema cresceram 63%, enquanto as vendas de automóveis encolheram 38%, por exemplo. A aposta é que esse resultado positivo se mantenha ao longo dos próximos anos, defende o professor. “A inteligência artificial vai solapar as profissões tradicionais. Mas as do mercado criativo devem crescer”, afirma.
Embora seja um ramo promissor, o próprio setor criativo está passando por uma metamorfose em decorrência da tecnologia. Portanto, o artista e o intelectual precisam aprender novas competências, recomenda Silvio Passa- relli, diretor da Faculdade de Administração da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap). “As fronteiras entre as profissões estão se diluindo. O desafio comum é como fazer as pessoas pagarem pelos bens culturais”, afirma Passarelli, apontando que experiências virtuais devem substituir as reais. “Gosto de futebol, mas não preciso mais ir ao estádio porque vejo melhor o jogo em casa. Daqui a pouco não precisaremos mais ir a shows como o Rock in Rio”, prevê o diretor da faculdade da Faap. / Luciana Alvarez, especial para o Estado