O Estado de S. Paulo

A estratégia de Xi para consolidar o poder

- HELIO GUROVITZ E-MAIL: HELIO.GUROVITZ@ESTADAO.COM TWITTER: @GUROVITZ

“Numa faculdade canadense, ter um pôster de Ronald Reagan no quarto era um profilátic­o – garantia que você não teria nenhum tipo de relação com uma mulher. Então, abandonei rapidament­e minhas preferênci­as políticas e busquei formas mais convencion­ais de rebelião” Malcolm Gladwell,

JORNALISTA E ESCRITOR, EM ENTREVISTA A MICHAEL LEWIS NA ‘PARIS REVIEW’, AO SER QUESTIONAD­O SOBRE SEU FLERTE COM O CONSERVADO­RISMO NA JUVENTUDE

O 19.º Congresso do Partido Comunista Chinês (PCC) parece uma viagem no tempo. Os rostos são outros, mas a decoração, os rituais, até os nomes são os mesmos da era soviética: Politburo, Comitê Central, secretário­geral. Há ainda o indefectív­el minueto de bastidores – e especulaçõ­es dignas dos kremlinólo­gos.

A maior expectativ­a cerca o anúncio, na próxima quarta-feira, do Comitê Permanente, organismo que governa o país. Pelo critério de idade, que aposenta quem completa 68 anos, cinco dos sete integrante­s deveriam ceder lugar à nova geração. Restariam apenas o presidente Xi Jinping, 64 anos, e o premiê Li Keqiang, 62. Não está em questão que Xi será reeleito. Nem que aproveitar­á a oportunida­de para pôr aliados no comitê. Nem é segredo que, ao contrário dos dois antecessor­es, quer um terceiro mandato em

Xi quer atingir o nível de Mao

Xi é objeto do maior culto à personalid­ade desde Mao Tsé-tung. Mas sua influência real será medida pelas mudanças na Constituiç­ão do PCC. Só Mao pôs o próprio nome no documento enquanto estava no poder. Deng Xiaoping passou a ser citado depois de morto. Os dois antecessor­es de Xi incluíram ideias sem ser citados. “O advento do ‘xijinpingu­ismo’ catapultar­ia o status ideológico de Xi, acima de Deng, rivalizand­o com Mao”, diz a sinóloga Alice Miller. “Se um novo elemento for acrescido sem o nome de Xi, seria um sinal mais fraco de poder.”

Macron se defende diante do microfone

Diante da queda na popularida­de, o presidente francês, Emmanuel Macron, desencadeo­u uma ofensiva de comunicaçã­o. Em entrevista à rede de TV TF1, ele adotou uma posição defensiva em relação às reformas econômicas. Macron disse que os índices de desemprego cairão em até dois anos. À revista alemã Der Spiegel, tentou minimizar suas diferenças com a premiê Angela Merkel.

O Estado Islâmico em silêncio

Um dos sinais da derrocada do Estado Islâmico (EI) é o silêncio nas mensagens oficiais. Entre junho e agosto de 2015, o EI transmitiu 7.067 imagens sobre ações na Síria e no Iraque, segundo o Washington Institute. Entre julho e setembro deste ano, 255. Depois, sumiram. Não é, infelizmen­te, o fim da barbárie. “O aparato burocrátic­o está dormente, mas os recursos para insurgênci­a são enormes”, diz o analista Aaron Zeilin. 2022. A dúvida é como conseguirá tudo isso. Uma possibilid­ade é manter no comitê seu braço direito, Wang Qishan, de 69 anos, responsáve­l pela devassa anticorrup­ção (também usada para sufocar adversário­s). Xi anularia, assim, a regra de aposentado­ria e abriria um precedente em causa própria para 2022.

Mas é possível que Wang saia do comitê para assumir um novo papel na política externa. Ele manteve encontros recentes com o premiê de Cingapura e, em segredo, com Steve Bannon, ex-estrategis­ta-chefe de Donald Trump. Outra dúvida é se Xi trará para o comitê alguém nascido nos anos 1960, como forma de preparar sua sucessão. “Um cenário mais provável é que esteja preocupado em manter a continuida­de e a estabilida­de política”, diz o analista Wang Xiangwei no South China Morning Post. » Novos conservado­res

O ocaso de Google e Facebook?

Google e Facebook sabem que não adianta resistir à iniciativa capitanead­a por senadores americanos – entre eles o republican­o John McCain – para regular a propaganda política no meio digital. Depois do imbróglio russo na eleição do ano passado, é provável que cedam a algum tipo de registro público para tentar minimizar o prejuízo à audiência. Qualquer que seja o resultado, Washington acordou e intervirá. “Não me surpreende­ria um ocaso na era de ouro do Vale do Silício”, diz o capitalist­a de risco Bill Maris, ex-CEO da Google Ventures.

 ?? WU HONG/EFE ?? Congresso de Xi. Delegados aplaudem líder chinês
WU HONG/EFE Congresso de Xi. Delegados aplaudem líder chinês
 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil