Necessidade criativa
Empresários contam como identificaram brechas no mercado a partir de dificuldades pessoais que os levaram a criar empreendimentos de sucesso
Quem tem espírito empreendedor costuma manter o radar ligado para identificar lacunas no mercado e criar um produto ou serviço que supra essa necessidade. Muitas vezes, essa inspiração também pode vir de uma necessidade pessoal.
“É muito comum que ao identificar uma brecha no mercado, o empreendedor fique encantado com a sua ideia e acredite que aquilo poderá deixá-lo rico. Mas é preciso ter cautela, fazer planejamento, realizar análise de mer- cado e testes de viabilidade”, alerta o consultor e sócio da Prosphera Educação Corporativa, Haroldo Eiji Matsumoto.
No caso do fundador da Alboom Pro Site, Rafael Bigarelli, a ideia de criar a plataforma online voltada a profissionais que produzem fotos e vídeos, na qual é possível criar portfólios e galerias personalizadas, surgiu de uma necessidade pessoal.
“Comecei a fotografar aos nove anos, profissionalmente aos 12. Depois de várias tentativas frustradas de ter um site profissional bonito e de fácil atualiza- ção, pedi a dois amigos que pensassem em uma solução.”
Em 2015, quando a plataforma ficou pronta, estava perto da data de uma palestra que ele faria no congresso anual de fotografia Wedding Brasil, que reúne mais de 2,5 mil profissionais.
“Conseguimos colocar um estande lá e foi assim que testamos a viabilidade do negócio. Para nossa surpresa, vendemos 70 sites durante o evento.”
Hoje, a Alboom Pro Site emprega 22 pessoas e está presente em 17 países, incluindo vários da América do Sul, Japão, Ho- landa e Estados Unidos.
“Estamos desenvolvendo duas soluções inovadoras. Uma delas terá realidade aumentada. Pretendemos liderar o mercado de tecnologia para artistas visuais e ampliar nossa internacionalização. Inclusive, acabamos de concluir o processo de fusão com a multinacional Clicster, especializada na gestão de negócios para fotógrafos e videomakers”, conta.
Os fundadores da Ecommet, Frederico Flores e Fernando Montera Filho, começaram a empreender aos 18 anos. “Sempre fomos ligados em tecnologia e queríamos fazer negócios pela internet”, diz Flores.
Durante alguns anos, mantiveram loja virtual dentro da plataforma do Mercado Livre, na qual comercializavam eletrônicos que vinham diretamente da China para a casa dos clientes.
“Com o tempo, o modelo passou a ser copiado por muitas outras lojas e percebemos que não valia continuar tendo tanto trabalho para lucrar tão pouco. Resolvemos competir oferecendo um atendimento melhor, profissionalizando todo o processo, respondendo a perguntas o quanto antes etc.”
Os sócios, então, imaginaram que se conseguissem unir a qua- lidade do serviço com o preço oferecido pelos concorrentes, seriam imbatíveis. “Em 2010, percebemos que em vez de concorrer com esses empreendedores, poderíamos trabalhar juntos, como parceiros e passamos a oferecer consultoria.”
O empresário diz que em 2012, a margem de lucro voltou a ficar apertada, também não estavam conseguindo escalar a operação. “Em busca de eficiência passamos a desenvolver softwares para automatizar as operações de e-commerce. O modelo se mostrou ‘escalável’. Essa foi nossa segunda virada.”
Desde então, a Ecommet se tornou uma empresa de tecnologia e não parou mais de crescer. “Batemos recorde de faturamento todos os meses. Neste ano, devemos faturar R$ 24 milhões. No ano passado, o faturamento foi de R$ 17 milhões.”
A ideia de criar o aplicativo Pet Booking surgiu em 2015, a partir de uma necessidade do administrador Robert Dannenberg. “Cheguei em casa à noite e percebi que havia esquecido de agendar o banho de meus cachorros. Tentei ligar no pet shop e ele já estava fechado.”
Ele também pesquisou no Google e não achou nenhum serviço que tivesse agendamento online. “Assim, nasceu a ideia do aplicativo, que permite agendamento online de banho, tosa, consulta com veterinário, enfim, todos os serviços oferecidos por pet shops e clínicas veterinárias. Com o Pet Booking ficou muito fácil agendar e pagar esses serviços”, defende.
Dannenberg conta que o aplicativo é gratuito para os usuários e os proprietários de clínicas e pet shops pagam taxa de conveniência sobre cada negócio fechado pelo aplicativo.
Desde o ano passado ele se dedica 100% ao negócio, que tem 16 funcionários, 17 mil profissionais cadastrados e mais de 11 mil agendamentos realizados.
“Temos muito espaço para crescer, porque no Brasil há 50 mil pet shops. Agora, estamos expandindo para outras regiões do País e existe a possibilidade de fecharmos parceria com uma rede americana.”
“Após várias tentativas de ter um site profissional de fácil atualização, pedi a dois amigos que pensassem em uma solução” Rafael Bigarelli FUNDADOR DA ALBOOM PRO SITE