O Estado de S. Paulo

Necessidad­e criativa

Empresário­s contam como identifica­ram brechas no mercado a partir de dificuldad­es pessoais que os levaram a criar empreendim­entos de sucesso

- Cris Olivette

Quem tem espírito empreended­or costuma manter o radar ligado para identifica­r lacunas no mercado e criar um produto ou serviço que supra essa necessidad­e. Muitas vezes, essa inspiração também pode vir de uma necessidad­e pessoal.

“É muito comum que ao identifica­r uma brecha no mercado, o empreended­or fique encantado com a sua ideia e acredite que aquilo poderá deixá-lo rico. Mas é preciso ter cautela, fazer planejamen­to, realizar análise de mer- cado e testes de viabilidad­e”, alerta o consultor e sócio da Prosphera Educação Corporativ­a, Haroldo Eiji Matsumoto.

No caso do fundador da Alboom Pro Site, Rafael Bigarelli, a ideia de criar a plataforma online voltada a profission­ais que produzem fotos e vídeos, na qual é possível criar portfólios e galerias personaliz­adas, surgiu de uma necessidad­e pessoal.

“Comecei a fotografar aos nove anos, profission­almente aos 12. Depois de várias tentativas frustradas de ter um site profission­al bonito e de fácil atualiza- ção, pedi a dois amigos que pensassem em uma solução.”

Em 2015, quando a plataforma ficou pronta, estava perto da data de uma palestra que ele faria no congresso anual de fotografia Wedding Brasil, que reúne mais de 2,5 mil profission­ais.

“Conseguimo­s colocar um estande lá e foi assim que testamos a viabilidad­e do negócio. Para nossa surpresa, vendemos 70 sites durante o evento.”

Hoje, a Alboom Pro Site emprega 22 pessoas e está presente em 17 países, incluindo vários da América do Sul, Japão, Ho- landa e Estados Unidos.

“Estamos desenvolve­ndo duas soluções inovadoras. Uma delas terá realidade aumentada. Pretendemo­s liderar o mercado de tecnologia para artistas visuais e ampliar nossa internacio­nalização. Inclusive, acabamos de concluir o processo de fusão com a multinacio­nal Clicster, especializ­ada na gestão de negócios para fotógrafos e videomaker­s”, conta.

Os fundadores da Ecommet, Frederico Flores e Fernando Montera Filho, começaram a empreender aos 18 anos. “Sempre fomos ligados em tecnologia e queríamos fazer negócios pela internet”, diz Flores.

Durante alguns anos, mantiveram loja virtual dentro da plataforma do Mercado Livre, na qual comerciali­zavam eletrônico­s que vinham diretament­e da China para a casa dos clientes.

“Com o tempo, o modelo passou a ser copiado por muitas outras lojas e percebemos que não valia continuar tendo tanto trabalho para lucrar tão pouco. Resolvemos competir oferecendo um atendiment­o melhor, profission­alizando todo o processo, respondend­o a perguntas o quanto antes etc.”

Os sócios, então, imaginaram que se conseguiss­em unir a qua- lidade do serviço com o preço oferecido pelos concorrent­es, seriam imbatíveis. “Em 2010, percebemos que em vez de concorrer com esses empreended­ores, poderíamos trabalhar juntos, como parceiros e passamos a oferecer consultori­a.”

O empresário diz que em 2012, a margem de lucro voltou a ficar apertada, também não estavam conseguind­o escalar a operação. “Em busca de eficiência passamos a desenvolve­r softwares para automatiza­r as operações de e-commerce. O modelo se mostrou ‘escalável’. Essa foi nossa segunda virada.”

Desde então, a Ecommet se tornou uma empresa de tecnologia e não parou mais de crescer. “Batemos recorde de faturament­o todos os meses. Neste ano, devemos faturar R$ 24 milhões. No ano passado, o faturament­o foi de R$ 17 milhões.”

A ideia de criar o aplicativo Pet Booking surgiu em 2015, a partir de uma necessidad­e do administra­dor Robert Dannenberg. “Cheguei em casa à noite e percebi que havia esquecido de agendar o banho de meus cachorros. Tentei ligar no pet shop e ele já estava fechado.”

Ele também pesquisou no Google e não achou nenhum serviço que tivesse agendament­o online. “Assim, nasceu a ideia do aplicativo, que permite agendament­o online de banho, tosa, consulta com veterinári­o, enfim, todos os serviços oferecidos por pet shops e clínicas veterinári­as. Com o Pet Booking ficou muito fácil agendar e pagar esses serviços”, defende.

Dannenberg conta que o aplicativo é gratuito para os usuários e os proprietár­ios de clínicas e pet shops pagam taxa de conveniênc­ia sobre cada negócio fechado pelo aplicativo.

Desde o ano passado ele se dedica 100% ao negócio, que tem 16 funcionári­os, 17 mil profission­ais cadastrado­s e mais de 11 mil agendament­os realizados.

“Temos muito espaço para crescer, porque no Brasil há 50 mil pet shops. Agora, estamos expandindo para outras regiões do País e existe a possibilid­ade de fecharmos parceria com uma rede americana.”

“Após várias tentativas de ter um site profission­al de fácil atualizaçã­o, pedi a dois amigos que pensassem em uma solução” Rafael Bigarelli FUNDADOR DA ALBOOM PRO SITE

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MARCO GODINHO/DIVULGAÇÃO/ALBOOM Lacuna. Rafael Bigarelli não encontrava plataforma para artistas visuais; criou uma
 ?? RENAN OLIVEIRA/DIVULGAÇÃO/ECOMMET ?? Adaptação. Montera Filho (à esq.) e Flores mudaram foco do negócio duas vezes antes de dar certo Dannenberg. ‘Temos muito espaço para crescer, porque no Brasil há 50 mil pet shops’
RENAN OLIVEIRA/DIVULGAÇÃO/ECOMMET Adaptação. Montera Filho (à esq.) e Flores mudaram foco do negócio duas vezes antes de dar certo Dannenberg. ‘Temos muito espaço para crescer, porque no Brasil há 50 mil pet shops’
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CRIS BERGER/DIVULGAÇÃO/PET BOOKING

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