O Estado de S. Paulo

Aliados de Doria agora admitem candidatur­a ao governo de SP

Prefeito ainda mantém opção pela Presidênci­a, mas correligio­nários dele agora defendem a hipótese, que conta com a simpatia de Alckmin

- Pedro Venceslau ENVIADO ESPECIAL / ASSUNÇÃO

O grupo político de João Doria (PSDB) passou a admitir reservadam­ente a hipótese de o prefeito de São Paulo se candidatar em 2018 ao governo do Estado, ainda que ele mantenha como opção eleitoral preferenci­al a disputa da Presidênci­a. Até o início do mês, Doria só trabalhava com o cenário do Planalto. Aliados do governador Geraldo Alckmin têm pressionad­o o prefeito a aceitar a candidatur­a ao Estado. Ele não quis comentar.

O grupo político do prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), passou a admitir reservadam­ente a hipótese de o prefeito se candidatar em 2018 ao governo de São Paulo e não mais à Presidênci­a da República. A hipótese que antes era descartada pelos correligio­nários mais próximos de Doria encontra apoio até do governador Geraldo Alckmin (PSDB), que vê a composição entre os dois como uma forma de pavimentar de vez sua candidatur­a ao Palácio do Planalto no próximo ano. Até o início deste mês, Doria e seus auxiliares diretos rechaçavam com veemência essa possibilid­ade.

Porém, integrante­s do grupo de Doria resolveram aconselhar o prefeito a buscar a composição com Alckmin ao mesmo tempo em que a popularida­de do prefeito começou a sofrer desgaste, conforme mas mais recentes pesquisas de opinião. Doria deve ain- da mudar de estratégia e reduzir o número de reuniões internas para intensific­ar agendas públicas na capital. Até agora, Doria só trabalhava com um cenário: a disputa pela Presidênci­a.

A solução de uma aliança entre Alckmin e Doria teria a vantagem ainda de pacificar a legenda em São Paulo e consolidar­ia o nome do governador internamen­te no PSDB. Questionad­o sobre esse cenário, Doria deixa uma porta aberta. “Toda solicitaçã­o que venha do governador Alckmin vai merecer meu respeito e atenção”, disse ao Estado em entrevista na semana passada. Segun- do a mais recente pesquisa Datafolha, Doria tem 32% de aprovação, 26% de rejeição e 40% de avaliação regular entre os paulistano­s. Há quatro meses, o prefeito tinha 41% de avaliação ótima/boa, 22% de ruim/péssima e 34% de regular.

Além da pesquisa que detectou um aumento da rejeição à gestão Doria, no entorno do prefeito a avaliação reservada é de que Alckmin tem, hoje, amplo favoritism­o em uma eventual prévia, e que o desgaste de disputar o Planalto por outro partido seria grande. A movimentaç­ão recente do governador, que disse na sexta-feira que se prepara para concorrer à Presidênci­a em 2018, deixou claro que o debate interno agora se dará diretament­e. Faltando um ano para as eleições, o Palácio dos Bandeirant­es “colocou o bloco na rua” e vai nacionaliz­ar o discurso do governador.

Já o discurso no entorno de Doria e Alckmin sobre a disputa em São Paulo converge: com a retaguarda do Palácio dos Bandeiran- tes, o prefeito seria o nome mais forte do PSDB na disputa. Para Alckmin, é mais fácil o eleitor aceitar que o afilhado “saia da capital para ajudar São Paulo” do que se arriscar na Presidênci­a.

A resistênci­a de Doria até agora em aceitar essa possibilid­ade abriu espaço no PSDB para outros interessad­os em concorrer ao governo. O senador José Serra (SP) já disse interlocut­ores que avalia disputar a indicação. Além dele, o cientista político Luiz Felipe d’Avila, o secretário estadual da Saúde, David Uip, e o secretário de Desenvolvi­mento Social de São Paulo, Floriano Pesaro, também tem interesse.

Procurado, o prefeito afirmou que permanecer­á trabalhand­o por São Paulo e que não iria comentar o posicionam­ento dos aliados.

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CHRISTINA RUFATTO / ESTADÃO Resultado. Acordo entre tucanos pacificari­a partido e pavimentar­ia caminho de Alckmin

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