O Estado de S. Paulo

Coligação de Macri vence na Argentina

Disputa na Argentina. Ex-presidente Cristina Kirchner ganha uma das três vagas da Província de Buenos Aires no Senado, mas tem menos votos que Esteban Bullrich, candidato governista; resultado coloca presidente em vantagem para obter novo mandato em 2019

- Luciana Dyniewicz ENVIADA ESPECIAL / BUENOS AIRES

A coligação do presidente Mauricio Macri venceu as eleições legislativ­as na Argentina. A ex-presidente Cristina Kirchner garantiu vaga no Senado, mas perde força política.

O presidente Mauricio Macri se consolidou ontem como força política dominante na Argentina, após as eleições legislativ­as. No início da madrugada de hoje, com 97% das urnas apuradas, a coalizão Cambiemos, de Macri, tinha 42% dos votos, enquanto o kirchneris­mo estava com 21,75% e o peronismo, com 14,8%.

Na disputa mais importante do país, a escolha de três vagas da Província de Buenos Aires no Senado – que concentra 38% do eleitorado nacional –, o candidato macrista, Esteban Bullrich, tinha 41,3%. A ex-presidente Cristina Kirchner estava com 37,2% – o suficiente para ser eleita, mas abaixo do que precisava para reivindica­r a vitória.

Macri conseguiu ainda eleger parlamenta­res em províncias em que havia sido derrotado nas primárias, em agosto, como em Salta. O resultado é o melhor já alcançado pelo presidente – em 2015, ele foi eleito presidente com pouco mais de 50% dos votos, contra 48% do então candidato de Cristina, Daniel Scioli.

Macri amplia assim suas chances nas eleições presidenci­ais de 2019, já que as legislativ­as costumam apontar o resultado da disputa para presidente. O segundo lugar na Província de Buenos Aires tornou mais difícil a volta do kirchneris­mo à Casa Rosada. O peronismo – movimento político do qual Cristina sempre fez parte, mas do qual se afastou – também saiu enfraqueci­do.

Reduto peronista. Para o analista político Sergio Berenztein, entretanto, as reformas que Macri fará nos próximos anos, como a tributária, terão um custo político alto e podem prejudicar sua popularida­de em 2019. “Mesmo assim, entramos em um novo ciclo político, com o presidente mais forte e com uma oposição mais fragmentad­a.”

Com 2 milhões de habitantes, La Matanza, na Província de Buenos Aires, é o segundo maior município argentino em população, atrás da capital do país, e concentra 4% do total de eleitores. Por seu tamanho e por ser governada por peronistas desde 1983, recebeu o apelido de “Capital Nacional do Peronismo”.

Ontem, porém, apesar das centenas de cartazes com propaganda­s de candidatos peronis- tas espalhados pela cidade, eles não foram unanimidad­e. Além de Cristina, o peronista Sergio Massa, Margarita Stolbizer – que se apresenta como uma terceira via – e Bullrich foram os candidatos mais citados por eleitores ouvidos pelo Estado.

“Votei em Massa, porque Cristina e Macri são corruptos”, disse o aposentado Andres Yelen, que nas últimas eleições havia votado em Cristina. A ex-presidente é investigad­a na Justiça sob suspeita de corrupção.

Na cidade de Vicente López, governada pelo prefeito Jorge Macri (primo do presidente), o técnico de filmagem Diego Falcón, de 47 anos, disse ter “votado no presidente”. Apesar de Macri não concorrer a nenhum cargo, ele foi às ruas nos últimos meses para pedir votos para Bullrich. Falcón disse que era eleitor de Cristina, mas que agora, diante dos indícios de corrupção, mudou de lado. “Com Macri, as coisas não melhoraram, mas pelo menos há essa mensagem de que não se deve roubar.”

“Mesmo assim, entramos em um novo ciclo político, com o presidente mais forte e com uma oposição mais fragmentad­a” Sergio Berenztein

ANALISTA POLÍTICO

“Votei em Massa, porque Cristina e Macri são corruptos” Andres Yelen

APOSENTADO

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CARLOS BRIGO/AFP Senado. Cristina Kirchner deixa local de votação em Buenos Aires: vitória significa foro privilegia­do para ex-presidente
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