O Estado de S. Paulo

Corpo de Oliveiros S. Ferreira é enterrado em São Paulo

- José Maria Mayrink

O corpo do jornalista Oliveiros S. Ferreira, ex-diretor do Estado, que morreu na manhã de anteontem, em Campinas, aos 88 anos, foi enterrado ontem, no Cemitério São Paulo, no bairro de Pinheiros, na capital paulista. Dezenas de amigos, companheir­os de redação e da Universida­de de São Paulo (USP), da qual foi professor, assistiram ao sepultamen­to no jazigo da família, numa cerimônia simples, sob chuva fraca.

A viúva Vânia Leal Cintra, o enteado, o jornalista William Waack, filho de Leontina de Almeida, com quem Oliveiros viveu de 1965 a 1999, e o sobrinho Antônio Carlos Pereira, editor responsáve­l de Opinião do Estado, acompanhar­am a cerimônia. Julio Cesar Mesquita e Marina Mesquita, filhos de Julio de Mesquita Neto, e Rodrigo Mesquita, filho de Ruy Mesquita, membros da família proprietár­ia do Grupo Estado, também estavam presentes.

O jornalista João Fábio Caminoto, diretor de Jornalismo do Estado, e vários colegas de reda- ção, a maioria editoriali­stas, foram se despedir de Oliveiros, ao lado de redatores e repórteres que trabalhara­m com ele, ao longo dos 47 anos em que permaneceu no jornal.

Professore­s. Comparecer­am ainda o professor José Álvaro Moisés, do Departamen­to de Ciência Política da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), da Universida­de de São Paulo (USP), e o chefe do departamen­to, professor Álvaro de Vita. “Oliveiros foi uma figura brilhante e profunda, de gentileza incomum com colegas e alunos”, afirmou Moisés. “A contribuiç­ão de Oliveiros para a reflexão sobre o papel do Estado na democracia, eficiente e eficaz para consolidar a autoridade, foi admirável”, concluiu.

O professor Álvaro de Vita afirmou que Oliveiros era muito respeitado pelos alunos e colegas, mesmo quando divergiam de suas ideias. “Era um professor instigante que gostava do debate”, disse.

Ao comentar o papel desempenha­do por Oliveiros no Estado, o jornalista Antônio Epifânio Moura Reis, diretor de Jornalismo e representa­nte da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), em São Paulo, lembrou as dificuldad­es e os desafios do tempo da censura, no regime militar.

“O professor Oliveiros viveu uma situação mais que surrea- lista no período da censura ao Estadão, quando recebia os censores com a maior dignidade, sem se subjugar a eles. Com isso, garantia a liberdade de imprensa”, disse Moura Reis.

A Prefeitura de São Paulo divulgou ontem nota de pesar pela morte de Oliveiros. “A Prefeitura de São Paulo lamenta com profundo pesar a morte do jornalista e professor Oliveiros Ferreira. Ex-diretor e redatorche­fe do Estado, seu legado intelectua­l estende-se às áreas das ciências sociais, políticas e relações internacio­nais.”

“Oliveiros cumpriu sua função como intelectua­l. Ajudou-nos a melhorar nossa capacidade de explicar o mundo.” Marco Aurélio Nogueira

CIENTISTA POLÍTICO

“Nesse momento em que voltamos a falar dos militares na política, é imprescind­ível ler os inúmeros artigos e livros de Oliveiros Ferreira.” Reginaldo Nasser

CIENTISTA POLÍTICO

“Dono de um bonito e complexo pensamento, enxergava a realidade com minúcia, erudição e sempre de maneira crítica.” João Grinspum Ferraz

CIENTISTA POLÍTICO

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