O Estado de S. Paulo

Vitória de Aécio não deve aumentar votos de Temer

Bancada do PSDB na Câmara deve se dividir novamente na votação de segunda denúncia contra presidente

- / I.G., R.T. e JULIA LINDNER

O PSDB não deve entregar novos votos para ajudar o presidente Michel Temer a barrar na Câmara dos Deputados a segunda denúncia contra ele, mesmo após contar com o apoio massivo do PMDB para salvar o sena- dor Aécio Neves (MG). Segundo líderes tucanos na Câmara e no Senado, a bancada continuará dividida e deve registrar placar parecido com o da primeira denúncia, quando deu 22 votos a favor e 21 contra Temer.

“O número de votos vai ser igual ao da primeira, ou seja, a bancada continuará dividida”, disse o líder do PSDB na Câmara, Ricardo Tripoli (SP). Ele ressaltou que, em razão do racha, deve liberar a bancada para votar como quiser, assim como fez na primeira denúncia con- tra o Temer, por corrupção passiva. A bancada tem atualmente 44 deputados federais.

Para o deputado Rocha (AC), que votou contra Temer na Comissão de Constituiç­ão e Justiça (CCJ) no dia 18, não há motivos para mudanças a favor do presidente. “Os fatos são quase os mesmos, pois a segunda denúncia é a continuida­de da primeira.” Ele negou que haja um acordo entre o partido e o PMDB e avaliou que Temer deve perder apoio de alguns tucanos.

“Eu não fui procurado. Ninguém me ofereceu nada, mas no partido tem um grupo que é governista. A tentativa de convencer um ou outro é legítima, mas sem cooptação, tanto é que cinco dos sete votos do PSDB na Comissão de Constituiç­ão e Justiça foram pela investigaç­ão. Hoje, acho que temos maioria no plenário ( a favor da denúncia) por dois ou três votos.”

Mesmo deputados que votaram a favor de Temer na primeira denúncia dizem que ele deve perder apoio. “Alguns estavam viajando na votação, então pode ser que aumente mesmo ( os votos contra Temer), mas por uma questão política; juridicame­nte ficou claro que não tem consistênc­ia a denúncia”, disse o deputado Izalci (DF), que apoia Temer. No último pleito, quatro tucanos estavam ausentes.

O deputado Domingos Sávio (MG), que votou a favor de Temer na primeira denúncia, tem entendimen­to semelhante, mas não garante o mesmo voto. “Acredito que não muda ne- nhum voto e, se mudar, talvez mude contra o presidente.” Ele afirmou que vai repensar o seu posicionam­ento no fim de semana, após conversar com prefeitos e líderes da sua base. “Estou analisando para ver se tem alguma denúncia, até agora parece que não tem fundamento­s, mas não tomei minha decisão. Vou me reunir com prefeitos, com lideranças, para fazer uma análise.”

O deputado Pedro Vilela (AL), que faltou na última votação, disse que ainda avalia o parecer do relator Bonifácio de Andrada (MG) pró-Temer. “A votação de Aécio não tem relação nenhuma.” Nos bastidores, a deputada Shéridan (RR), que também faltou na votação da primeira denúncia, é vista como uma das parlamenta­res que podem mudar de voto.

Primeiro vice-presidente do Senado, o tucano Cássio Cunha Lima (PB) afirmou que o resultado favorável a Aécio não vai mudar os votos do PSDB. “Não há correlação entre o que houve aqui no Senado e o que acontecerá na Câmara.” Na votação no Senado, o PMDB deu 19 votos para salvar Aécio e dois contra o senador.

“Vou me reunir com prefeitos e lideranças, para fazer uma análise. Fim de semana vai ser importante para conversar com a base.” Domingos Sávio

DEPUTADO FEDERAL (PSDB-MG)

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