O Estado de S. Paulo

Caso de ativista vira assunto principal no dia da votação

Manifestan­tes acusam polícia de assassinar Maldonado; autópsia aponta afogamento como causa da morte

- BUENOS AIRES

O caso do ativista Santiago Maldonado, cujo corpo foi identifica­do na sexta-feira, foi um dos assuntos mais comentados de ontem na Argentina. Logo após deixar seu local de votação, no bairro Palermo, em Buenos Aires, o presidente Mauricio Ma- cri afirmou que é preciso prudência. “Deixemos trabalhar a Justiça, que, nos últimos dias, começou a colocar luz e verdade no que aconteceu”, disse.

Maldonado desaparece­u em agosto durante um protesto de índios mapuches por direito a terras no sul do país. Testemunha­s diziam que ele havia sido espancado e detido pela Gendamería (polícia militar ligada ao Ministério da Segurança de Macri). O corpo do ativista foi encontrado na semana passada e os resultados preliminar­es da autópsia indicaram morte por afogamento.

No sábado, em Buenos Aires, manifestan­tes pediram a exoneração da ministra de Segurança, Patricia Bullrich. Ontem, no entanto, Macri negou a possibilid­ade de fazer mudanças em seu gabinete. Patricia votou pela manhã, também em Palermo, e deixou o local pela porta dos fundos, para fugir de um protesto. Poucos minutos antes, manifestan­tes usando máscaras com a foto de Maldonado haviam espalhados panfletos contra Patricia nas redondezas.

A governador­a da Província de Buenos Aires, María Eugenia Vidal, líder política com os me- lhores índices de aprovação do país, pediu para que não se politizass­e o caso e também falou que era preciso aguardar as investigaç­ões. O caso de Maldonado fez com que a campanha fosse encerrada antes do previsto. Por isso, a coligação de Macri, a Cambiemos, preparava uma comemoraçã­o para ontem mais modesta do que a de anos anteriores.

A ex-presidente Cristina Kirchner, que concorre a uma cadeira no Senado pela Província de Buenos Aires, não comentou o assunto. Com domicílio eleitoral em Santa Cruz, sul do país, ela não votou – a lei argentina permite a candidatur­a por região diferente de seu domicílio eleitoral.

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NATACHA PISARENKO/AP Ativista. Memorial a Santiago Maldonado em Buenos Aires

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