O Estado de S. Paulo

‘FALTA APOIO DOS CLUBES ÀS VÍTIMAS’

Marcel Tonini, historiado­r da Universida­de de São Paulo

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1.Como resolver a questão do racismo no futebol brasileiro? Todos os envolvidos deveriam ter posturas mais firmes. A imprensa deve noticiar o fato e fazer a crítica do conteúdo. Jogadores encorajado­s pelos clubes e federações. Talvez o maior passo dos jogadores negros seria a ação coletiva a fim de marcar posi- ções conjuntas e reivindica­r novas medidas de enfrentame­nto, como nos Estados Unidos.

2.O racismo aumentou?

Hoje, os atletas são mais encorajado­s a denunciar os casos de racismo. Não significa que o futebol era menos racista antes. Existe, por outro lado, a própria imprensa, que trata o tema de outra maneira. Em 2005, alguns editoriais se mostravam contra as denúncias. Outra questão é que só olhamos as grandes equipes. Os casos da segunda divisão, por exemplo, são abafados.

3.O racismo reflete a sociedade? Mais do que ser um espelho, trata-se de uma reprodução da sociedade. Racismo se reproduz de outra maneira no futebol, reverberan­do na sociedade. No futebol, o racismo foi construído como parte de sua cultura. Ao não confrontá-lo, mostra para sociedade que não é importante. É assunto menor. Presta, pois, um desserviço.

4.Campanhas dão certo? Elas são protocolar­es. A Fifa, federações e confederaç­ões não tratam o tema co- mo deveriam. A Copa do Mundo do ano que vem não seria na Rússia se a Fifa se preocupass­e com o tema. Além disso, praticamen­te não existem dirigentes negros.

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Leia Amanhã:
GABRIELA BILO / ESTADÃO Os supercraqu­es: como Neymar e Pelé enfrentam a discrimina­ção racial Leia Amanhã:

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