‘NINGUÉM NASCE RACISTA. É ALGO QUE SE APRENDE’
1.Como se sente hoje em relação aos episódios de discriminação racial que sofreu quando jogava no Santos (2014) e pelo Palmeiras (2015)?
A gente vai criando resistência. É preocupante ver os casos são cada vez mais frequentes, mas, ao mesmo tempo, fico feliz por ver que as pessoas estão denunciando, mostrando a cara de quem faz esse tipo de coisa.
2.Em sua visão, o que mudou de lá para cá em relação aos casos de racismo? Pouca coisa. Houve uma campanha da CBF contra o racismo, alguns debates, mas acho que parou por aí. Não tivemos nenhum tipo de ação mais contundente. Outros casos aconteceram e ficaram por isso mesmo, como quase tudo no País.
3.O que fazer?
Quando aconteceu pela primeira vez, lá em Mogi, lembro que me convidaram para participar de debates em Brasília, aos quais pude contribuir, mesmo que à distância. Desde então, sempre enfatizei a necessidade de campanhas educativas. Acho que ninguém nasce preconceituoso ou racista, isso se aprende, de alguma forma.
4.Como você vê o futuro? Desanima saber que tão pouco é feito para melhorar. Ao mesmo tempo, vejo que muitas pessoas não têm nem o básico para uma vida digna. Esse é o primeiro passo. Depois, educação. Se pais não conseguem dar nem comida aos filhos, professores trabalham sem estrutura, crianças não têm merenda, imagine se vão se preocupar com essa questão, que sempre foi tratada como secundária. Assim como a corrupção, o racismo só vai diminuir se for punido e desencorajado.