O Estado de S. Paulo

Retomada da economia

- ANTONIO PENTEADO MENDONÇA ANTONIO PENTEADO MENDONÇA É SÓCIO DE PENTEADO MENDONÇA E CHAR ADVOCACIA E SECRETÁRIO GERAL DA ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS

Brasil dá sinais de que está deixando a crise para trás e o setor de seguros agradece, pois seguradora­s e corretores terão o alívio gerado pela contrataçã­o de novas apólices

Acada dia que passa o Brasil dá sinais fortes de que está deixando a crise para trás. A economia começa a respirar e a atividade empresaria­l apresenta dados sólidos de retomada do cresciment­o, inclusive com os números do desemprego recuando, ainda que lentamente.

O dado impression­ante nesta análise é a extraordin­ária capacidade de reação do Brasil. Mesmo roubado como nunca havia acontecido antes, mesmo enfiado na mais grave crise econômica da história, em função da adoção de políticas completame­nte equivocada­s, implementa­das por um governo sem noção de nada e que levou a incompetên­cia ao seu mais alto patamar, foi dar uma folga, permitir um respiro, e a nação reagiu rapidament­e no campo econômico e está reagindo também no campo político.

A verdade é que o Brasil é um País extraordin­ariamente rico e com uma capacidade de geração de riqueza rara em outras nações. Sufocado por uma carga tributária absurda, com uma máquina pública ineficient­e e que não cabe na capacidade de pagamento da nação, tungado por políticos de todos os partidos, escangalha­do por um judiciário pesado, caro e lento, ancorado numa legislação da pior qualidade, vítima de achismos ideológico­s expulsos do mundo civilizado há décadas, ainda assim, o Brasil consegue dar a volta por cima e, no espaço de menos de um ano, começa a retomar o rumo do cresciment­o.

O setor de seguros agradece. Com a retomada do cresciment­o, seguradora­s e corretores de seguros terão o alí- vio gerado pela contrataçã­o de novas apólices, ainda que, no primeiro momento, seja, de verdade, a contrataçã­o de seguros que foram cancelados ou deixaram de ser feitos por causa da crise. Tanto faz, o importante é que a economia aquecida significa mais faturament­o.

Entre os diversos setores da econo- mia nacional, seguros foi dos que menos sofreu em função dos desmandos praticados em nome de todas as tolices e da roubalheir­a levada a efeito pelos detentores do poder ao longo dos últimos 15 anos.

Não houve nenhuma quebra de seguradora mais expressiva no mercado. De uma forma ou de outra, deu para tocar o barco e, com a recuperaçã­o da atividade econômica, é de se esperar que os resultados voltem a ser razoavelme­nte positivos num prazo não muito longo.

Os corretores sofreram mais. Principalm­ente os menores, que são a grande maioria e que dependem basicament­e do seguro de veículos. Muitos sentiram o peso da crise no dia a dia de suas famílias, diretament­e afetadas pela impossibil­idade de conseguir novos seguros ou mesmo de renovar as apólices existentes. Não é caso de soltar rojões porque em pouco tempo o Brasil será uma potência econômica correndo a toda a velocidade por um caminho bem pavimentad­o e sem surpresas. Quem imaginar isso corre o sério risco de dar com os burros na parede.

Ainda há um longo trabalho a ser feito, antes de se poder comemorar. Os problemas nacionais são muito mais fundos do que a crise econômica. Esta, como estamos vendo, é muito menor do que a nação. O problema é que, se não mexermos nas estruturas do País, não modificarm­os radicalmen­te o quadro da previdênci­a, das leis trabalhist­as, do judiciário como um todo, corremos o risco de voltarmos à situação da qual estamos saindo.

Mas, para poder mexer nestes pontos, é indispensá­vel a completa revisão do arcabouço político da nação, desde a constituiç­ão dos partidos políticos até a eleição dos representa­ntes do povo, passando pela forma de financiame­nto e controle do sistema, com a possibilid­ade do eleitor efetivamen­te comandar a festa.

O duro é que, para fazer isso, são necessária­s alterações consistent­es de toda a legislação pátria, a começar pela Constituiç­ão de 1988, a pior constituiç­ão da história do País e grande responsáve­l por termos chegado no fundo do poço.

No sistema democrátic­o respeitase a lei e, quem deve votar as mudanças – com as exceções de sempre –é a corja que tomou de assalto a política e a administra­ção pública do Brasil. Isso vai dar trabalho, mas só depois da limpeza moral da nação teremos a certeza de que vamos dar a volta por cima.

Não houve nenhuma quebra de seguradora mais expressiva; de uma forma ou de outra, deu para tocar o barco

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