O Estado de S. Paulo

Nielsen tenta ‘decifrar’ a real audiência da Netflix

Empresa começou a medir impacto do serviço, mas divulga dados apenas para produtoras de conteúdo

- THE NEW YORK TIMES /

Nos cinco anos desde que a Netflix começou a transmitir séries originais há uma pergunta no ar: quantas pessoas estão assistindo? Fora da Netflix, ninguém sabe a resposta. Isso porque, para a imensa frustração dos profission­ais que gostariam de ter uma ideia mais exata da popularida­de das séries, os serviços de streaming – entre eles também Amazon e Hulu – cercam seus números de segredos.

Agora, a Nielsen, empresa que por décadas deteve o monopólio sobre os índices de audiência da televisão nos Estados Unidos, anunciou que encontrou um jeito de revelar a audiência da Netflix. O que exatamente mostram os dados da Nielsen e quão acurada é sua medição? Isso continua sendo uma incógni- ta, porque a Nielsen não publicou seus números. Mas a jogada é um avanço na busca por um sistema de avaliação confiável para serviços de streaming.

“O importante é que isso traz um pouco de transparên­cia a um ambiente que tem sido uma zona obscura para estúdios e transmisso­ras”, disse Megan Clarken, presidente da divisão de audiência da Nielsen.

A Nielsen anunciou a iniciativa na quarta-feira, mas vem coletando dados de visualizaç­ão da Netflix há dois meses. A empresa disse que conseguiu deter- minar quantos usuários estavam assistindo a conteúdos da Netflix por meio de um software de reconhecim­ento de áudio instalado nas 44 mil casas monitorada­s nos EUA. A Nielsen abriu dados sobre a Netflix so- mente para empresas que se inscrevera­m no serviço, como Walt Disney Company, Warner, Lionsgate e NBCUnivers­al.

Executivos da Nielsen disseram que essas empresas agora poderão acessar dados de audiência das séries licenciada­s para a Netflix, como Friends, da Warner, além de números de conteúdos originais da Netflix, como Orange Is the New Black e Stranger Things. A Nielsen ainda não começou a apurar dados de outros serviços de streaming, como Hulu e Amazon.

O movimento é um passo ne- cessário para a Nielsen. Alguns executivos de entretenim­ento criticaram a empresa, dizendo que ela havia se tornado uma peça de museu da era dos canais de TV em uma época em que cada vez mais espectador­es migram para conteúdos streaming.

A Netflix joga pelas próprias regras e é pouco provável que venha a liberar dados de audiência a terceiros. Os números da Nielsen, apesar de ainda restritos ao mercado corporativ­o, devem ter impacto negativo na gigante digital, que prevê gastar até US$ 8 bilhões em conteúdo em 2018. TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZ­OU

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