Ultimato é aceito por antichavistas eleitos
Para tomar posse, 4 dos 5 candidatos de oposição que conquistaram governos estaduais aceitam jurar lealdade à Constituinte de Maduro
Quatro dos cinco governadores da oposição eleitos no dia 15 na Venezuela prestaram ontem juramento à Assembleia Constituinte, cedendo à exigência do governo e do órgão, que é dominado por chavistas, mas considerado ilegítimo pelos opositores.
“Governadores eleitos da Ação Democrática prestaram juramento e se subordinaram à @ANC_ve”, assinalou a Constituinte pelo Twitter junto a uma foto na qual aparecem os quatro diante de Delcy Rodríguez, que preside a Assembleia.
Os quatro governadores pertencem à Ação Democrática (AD), liderada pelo veterano parlamentar Henry Ramos Allup e um dos partidos que dominaram a política venezuelana até a chegada do chavismo ao poder, em 1999.
São eles Antonio Barreto Sira, do Estado de Anzoátegui; Alfredo Díaz, de Nueva Esparta; Ramón Guevara, de Mérida, e Laidy Gómez, de Táchira. Na sexta-feira, Barreto Sira chegou a ter sua posse impedida por chavistas. Com maioria gover- nista, a assembleia estadual ameaça substituí-lo pelo presidente do Legislativo, Julio Millán. Em Táchira, Zulia, Nueva Esparta e Mérida foram dados prazos até hoje para os opositores se decidirem.
O opositor Juan Pablo Guanipa, eleito pelo Estado de Zulia, único que não jurou lealdade, lamentou a decisão de seus companheiros de subordinar-se à Constituinte. “Quando o povo te implora que não o abandone, a humilhação de um líder é um meio para conseguir liberdade”, justificou-se Gómez no Twitter antes da cerimônia de juramento.
No domingo, o presidente do Parlamento, Julio Borges, havia descartado a possibilidade de que os governadores opositores jurassem lealdade à Constituinte, uma condição para eles poderem exercer seus mandatos.
A coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) não reconhece a Constituinte desde a sua eleição, tida como um golpe de Estado disfarçado, e não deu sinais de que acataria a imposição. Os governistas conquistaram 18 dos 23 governos estaduais nas eleições do dia 15, mas a oposição afirma que a votação foi marcada por fraudes e irregularidades.
Caso os opositores se negas- sem a prestar juramento, autoridades eleitorais informaram que convocariam novas eleições nesses cinco Estados e os governadores anteriormente eleitos não poderiam se candidatar outra vez. Agora, não estava claro se a eleição seria convocada somente no Estado de Zulia.