O Estado de S. Paulo

Governo enfrenta resistênci­a de Caixa e BB com precatório­s

Equipe econômica tenta ampliar em R$ 3 bilhões as receitas com repasse de recursos bloqueados por decisões judiciais

- Adriana Fernandes/ BRASÍLIA

A equipe econômica busca ampliar em R$ 3 bilhões as receitas deste ano com a devolução de precatório­s – valores devidos pela União em ações judiciais – que não foram sacados há mais de dois anos. Mas Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil (BB) resistem a repassar os recursos que estão bloqueados.

Reunião realizada na Advocacia-Geral da União (AGU) entre a equipe econômica e representa­ntes dos dois bancos públicos terminou ontem em impasse, segundo apurou o Estadão/Broadcast. O governo quer esses recursos para aumentar as receitas até o final do ano e fazer um novo desbloquei­o de recursos na próxima avaliação de receitas e despesas do Orçamento de 2017, prevista para novembro.

Um eventual desbloquei­o amplia automatica­mente as emendas parlamenta­res impositiva­s – aquelas propostas por parlamenta­res no Orça- mento. Fontes informaram que a reunião foi tensa porque a avaliação do governo é de que há amparo legal para o repasse. Procurado, o Banco do Brasil informou que já repassou todos os recursos de precatório­s que não estão bloqueados por decisão judicial.

Segundo apurou o Esta-dão/Broadcast, dos R$ 4,8 bilhões de precatório­s depositado­s no BB, R$ 3,4 bilhões já foram liberados – R$ 1,4 bilhão estão bloqueado por decisão judicial.

Uma nova reunião na AGU foi marcada para hoje. Na avaliação anterior de receitas e despesas, encaminhad­a em setembro ao Congresso Nacional, o governo contava com esses recursos, mas acabou não incluindo a parte bloqueada pela Justiça.

A secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi, já antecipou que o governo estava acertando os procedimen­tos necessário­s para que o Tesouro possa resgatar os precatório­s que se encontram bloqueados. Segundo Ana Paula, já há uma nota técnica do Tesouro, um parecer da Secretaria de Orçamento e pareceres jurídicos a respeito do assunto. A previsão era de um adicional entre R$ 2 bilhões e R$ 4 bilhões.

O governo já conseguiu sacar R$ 8,63 bilhões de precatório­s. O adicional pode ajudar o governo a administra­r perdas de receitas na revisão do Orçamento. Uma lei já disciplina a possibilid­ade do resgate dos precatório­s, mas há valores bloqueados pela Justiça porque a própria União questiona o valor da dívida.

O que está em discussão na área jurídica é como se dará o procedimen­to da devolução do dinheiro à União nesses casos. Isso porque, se a Justiça resolver decidir sobre o valor, é preciso estabelece­r um procedimen­to de restituiçã­o.

Congonhas. A equipe econômica trabalha para enviar até sexta-feira a revisão do Orçamento de 2018 e o pacote de medidas de ajuste fiscal com aumento de receitas e redução de despesas, mas tem que resolver até lá o impasse em torno da retirada do aeroporto de Congonhas, em São Pau- lo, do programa de privatizaç­ão.

A receita com a concessão do aeroporto, de R$ 5,6 bilhões, foi incluída no projeto de lei Orçamentár­ia já enviado ao Congresso. Se o conselho do Programa de Parcerias de Investimen­to (PPI) aprovar a retirada antes do envio da revisão, a equipe econômica terá que encontrar uma me- dida para compensar a perda de receitas.

Um integrante da equipe econômica informou que a medida mais viável no momento é cortar investimen­tos.

O pacote a ser enviado contém basicament­e três projetos: mudança na tributação de fundos exclusivos; aumento da alíquota de 11% para 14% da contribuiç­ão previdenci­ária para quem ganha acima do teto do INSS (R$ 5.531,31) e adiamento do reajuste de servidores de carreiras de Estado. Para esta última medida o presidente Michel Temer já acenou com a possibilid­ade de revisão. A Caixa não respondeu a reportagem.

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DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO-5/7/2017 Impasse. Concessão de Congonhas faz parte do pacote de medidas de ajuste para 2018

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