Rabello não descarta compra de ativos da Caixa
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Paulo Rabello de Castro, afirmou ontem que o banco pode, eventualmente, adquirir ativos da Caixa Econômica Federal, como forma de ajudar o governo a injetar recursos no banco estatal.
Em um evento do setor de papel e celulose em São Paulo, Rabello de Castro disse que o BNDES “pode, eventualmente, selecionar alguns ativos que sejam do nosso interesse. Por enquanto, simplesmente avalia, porque toda a programação financeira não cabe com a devolução de R$ 130 bilhões (ao Tesouro)”, disse.
Ele explicou que o BNDES possui índice de Basileia confor- tável, enquanto a Caixa tem posição menos confortável, devido ao elevado volume de empréstimos realizados no passado. “Esticou a corda dos trabalhos e o capital não cresceu da mesma forma. Eventualmente pode ocorrer alguma operação financeira com troca de ativos que possa reequilibrar a Caixa para que ela fique bem com a Basileia e que não prejudique o banco (BNDES).”
Na semana passada, o ministro do Planejamento, Dyogo de Oliveira, afirmou que o “BNDES não vai comprar ativos ruins” da Caixa, como forma de ajudar a melhorar os índices de capital do banco.
A Caixa precisa de um reforço de R$ 10 bilhões neste ano e mais R$ 10 bilhões em 2018 para cumprir regras internacionais de proteção a crises. O Tesouro já avisou que não tem como tirar dinheiro do Orçamento para fazer um aporte de recursos na instituição, e o governo agora analisa um leque de alternativas para socorrer o banco público. Uma das possibilidades em estudo é o BNDES comprar da Caixa até R$ 10 bilhões em créditos de maior risco. Outra alternativa seria uma reestruturação mais ampla, com o repasse das operações de infraestrutura da Caixa para o BNDES, incluindo a gestão do FI-FGTS, fundo que usa parte dos recursos do FGTS para aplicar em infraestrutura. A área jurídica do governo também avalia a possibilidade de o FGTS fazer um empréstimo de R$ 10 bilhões à Caixa.
“Temos de sentar com o governo de modo harmônico e coordenado e imaginar para 2018 o que, de fato, devemos fazer em termos financeiros e fiscais.”