O Estado de S. Paulo

‘Holofotes fortes, purpurinas...’

- ROBERTA MARTINELLI E-MAIL: ROBERTA.MARTINELLI@ESTADAO.COM

Fim do ano se aproxima... tá quase aí. Passou tão rápido, foi tão intenso, tão tenso. Acredita que semana que vem já é novembro? (carinha de susto – sim, estamos ficando acostumado­s a expressar sentimento­s com emoticons). Junto com o fim do ano chegam os prêmios. Vamos definir os destaques do ano. Quais os melhores de 2017? Melhor disco? Melhor show? Artista do ano? Canção do ano? Acho estranho. Como escolher o melhor? Existe apenas um melhor? O melhor existe? Claro que não! Não mesmo! Mas é uma brincadeir­a, um jogo que topamos. E é um jogo bem sério, pois a indústria acredita muito no resultado, então que comece a festa! O tabuleiro já está armado. Hoje é Dia de Prêmio Multishow. Faço parte do superjúri desde a sua criação, em 2012. É uma comissão de especialis­tas que discutem ao vivo no Canal Bis os destaques do ano.

Tenho muitas consideraç­ões sobre a premiação..., a primeira que você pode estar estranhand­o é que os concorrent­es ao prêmio são: Lucas Lucco, Anitta, Luan Santana, Thiaguinho e outros artistas mais mainstream e muitas pessoas me perguntam “mas você que vota neles?”. Não! Esses estão concorrend­o nas categorias gerais e com voto popular. Enquanto isso, acontece um outro mundo chamado superjúri com dez figuras discutindo os melhores do ano e estes são anunciados no fim do evento com a plateia, muitas vezes, com cara e tweets de “quem são esses?”.

Uma coisa que me intriga muito desde o começo é a divisão e dos dois lados! Fico incomodada que o mundo independen­te (e não quero generaliza­r) ache que os artistas populares são menores, não entendo porque não posso participar da votação de Anitta, Luan e outros mais conhecidos do grande público e incomodada também e muito que o mundo popular desconheça os artistas em que votamos e que estes não tenham nem a oportunida­de de estar no palco mostrando seu trabalho.

Em um ano na mesa de discussão, um dos integrante­s disse que os artistas independen­tes tinham medo do pop. Discordei, os artistas independen­tes (e não todos) não querem as concessões do mundo pop. É possível ter público para encher estádio e fazer a música em que acredita? Para uns sim (talvez) para outros, não.

E no Prêmio Multishow fica muito claro o abismo entre o mainstream e o “independen­te”. Por um tempo foi importante separar os dois mundos, pois era época de enfraqueci­mento das gravadoras e fortalecim­ento das liberdades artísticas, mas agora, em 2017, é tempo de tentar unir. Como um artista independen­te chega ao mainstream sem os caminhos da indústria? É possível?

Não sei. Mas fico feliz de ver nos finalistas de melhor disco para o superjúri três artistas tão diferentes e tão atuais: Chico Buarque e o seu Caravanas, Rincon Sapiência e o seu Galanga Livre e Letrux em Noite de Climão.

E sabe qual o melhor? O melhor é que eles são incomparáv­eis e são três grandes discos da música brasileira. Independen­temente do vencedor, devemos é celebrar a nossa música todos os dias.

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NADJA KOUCHI Letrux. Uma das indicadas
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