TORNAR CIDADES MAIS SUSTENTÁVEIS EXIGE PLANEJAMENTO E AÇÃO
DESAFIO ENVOLVE O TRABALHO CONJUNTO ENTRE GOVERNO, SOCIEDADE E SETOR PRIVADO
Até 2030, mais de 90% da população brasileira viverá em cidades. A estimativa faz parte de um estudo realizado pelo Programa da Organização das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat) durante a Terceira Conferência sobre Moradia e Desenvolvimento Urbano Sustentável, realizada em outubro do ano passado em Quito, no Equador. O encontro deu origem à Nova Agenda Urbana, documento que vai orientar as ações necessárias pelos próximos 20 anos. Nele, os líderes mundiais se comprometem a aumentar o uso de energia renovável, proporcionar um sistema de transporte mais ecológi- co e gerenciar os recursos naturais. A agenda não possui metas específicas, mas estabelece algumas normas para transformar áreas urbanas em regiões mais seguras, resistentes e sustentáveis com base em um melhor planejamento e desenvolvimento.
Os desafios são muitos e envolvem não só questões econômicas, mas também ações relacionadas à saúde, à segurança, à redução da desigualdade e aos efeitos das mudanças climáticas. Maior cidade do País, com mais de 12 milhões de habitantes, São Paulo ainda dá os primeiros passos nesse desenvolvimento urbano mais humanizado e amigável. E a população está alerta. “Na minha concepção o primeiro passo foi dado, mas São Paulo ainda não é uma cidade sustentável. Acredito que o ponto chave está na educação ambiental”, disse o biólogo Tarciso George, 32, durante a última edição da blitz da sustentabilidade realizada pelo jornal “O Estado de S. Paulo” e pela “Rádio Eldorado”, que aconteceu no último fim de semana no parque do Ibirapuera e na Avenida Paulista.
A atendente Kelly Sampaio, 32, também acredita que a capital ainda não é um exemplo de cidade sustentável. “Existem vários ecopontos espalhados pela cidade, mas a população desconhece, pois falta divulgação. Também acho que as pessoas precisam ter mais responsabilidade, mantendo atitudes simples, como a separação e o descarte do lixo de forma correta”, afirmou
Valorizar áreas verdes, ter uma boa gestão dos recursos hídricos e do saneamento, uma mobilidade eficiente, além de educação e saúde de qualida- de. As cidades sustentáveis focam, acima de tudo, no bem-estar do cidadão. Um conceito bem distante da realidade de São Paulo, segundo a opinião da estudante Natalia Belizaro, de 21 anos. “É uma cidade muito voltada para os carros, desperdiça muita coisa, não sabe cuidar do seu lixo nem dos rios”, disse.
CONTRIBUIÇÕES CONCRETAS
A redução de resíduos, a diminuição do desperdício e o consumo consciente também são importantes no processo. Com esse foco, empresas como a Braskem consideram o de - senvolvimento de produtos e as soluções inovadoras e “verdes” em sua estratégia de negócio, beneficiando não só o crescimento da companhia, mas também a sociedade.
Entre as diversas ações está o Wecycle. A plataforma tem o objetivo de valorizar resíduos plásticos com a criação de produtos, soluções e processos que envolvam todos os elos da cadeia de reciclagem do material. A iniciativa já deu origem a parcerias com empresas como a Starbucks® Brasil. A rede norte -americana participou de um projetopiloto que utilizava o Plástico Verde I’m
GreenTM, copos de plástico reciclados e borra de café na produção de cestos de lixo para lojas selecionadas. Outra iniciativa envolveu o Grupo Pão de Açúcar e a utilização de materiais plásticos descartados nas estações instaladas em mercados do grupo para a produção de embalagens de um produto tira-manchas da marca – serão mais de 60 toneladas de plástico reciclado por ano.
Sempre em busca de inovação, a Braskem também trabalha em parceria com a fabricante brasileira de bicicletas Muzzic ycles produzindo quadros de plástico. Hoje, a empresa tem a capacidade de fazer 132 mil peças ao ano, o que representa a reciclagem de 150 toneladas de resíduos, evitando que o material seja descartado em aterros sanitários.