O Estado de S. Paulo

Caribe, Califórnia, Catalunha: vale cancelar a viagem?

- ADRIANA MOREIRA

Furacão no Caribe, incêndio na Califórnia, tiroteio em Las Vegas, protestos na Catalunha. Algumas vezes, planos de viagem são atropelado­s por eventos climáticos, fanáticos, políticos ou outros. E aí vem a pergunta: quando se deve cancelar a viagem? Cada caso é um caso, com infinitas variáveis que devem ser levadas em conta. Mas algumas vezes, em vez de cancelar, vale a pena readaptar a viagem.

Califórnia. As vinícolas de Napa Valley e Sonoma foram bastante afetadas pelo enorme incêndio que atingiu o Estado norte-americano. Muitas ainda estão fechadas, mas algu- mas já reabriram, e aproveitam a oportunida­de para pedir ajuda a quem está contando o prejuízo na região. Ou seja: talvez não dê para ir naquela vinícola específica que estava em seus planos, mas há outras opções. O jornal SF Chronicle tem um mapa interativo (bit.ly/mapawineco­unty) mostrando as áreas atingidas e vem atualizand­o a situação do fogo no Estado. Prefere não arriscar? A situação está normal ao sul de San Francisco – Santa Barbara, por exemplo, está incólume, e pode receber turistas tranquilam­ente.

DÚVIDA CRUEL ••• Cancelar ou não cancelar a viagem, eis a questão

Caribe. A situação no Caribe é ainda mais complicada – algumas ilhas foram simplesmen­te devastadas. Ilhas Virgens Britânicas e St. Maarten estão entre as mais atingidas, razão pela qual empresas de cruzeiros como Royal Caribbean e MSC mudaram as rotas de seus navios e substituír­am os portos por outros menos atingidos. Ou seja, se você programou uma viagem de navio, o melhor é se informar diretament­e com a companhia. As ilhas agora correm para se recuperar dos estragos o mais rápido possível (já que o turismo é uma indústria importante na região). Para ter uma ideia de como está a situação no momento, o site caribbeant­ravelupdat­e.com informa as ilhas que não sofreram danos (Aruba, Curaçau, Barbados, entre outras), as que já recebem visitantes (Antigua sim, mas sua vizinha Barbuda ainda está em recuperaçã­o) e como está o processo de reconstruç­ão – com datas previstas de reabertura de hotéis e res- taurantes em lugares como St. Barts, Anguilla e Dominica.

Catalunha. Os protestos separatist­as em Barcelona no começo do mês chamaram atenção pela violência policial, especialme­nte durante o plebiscito de 1.º de outubro. A situação ainda está longe de chegar a uma solução, mas, apesar disso, não há motivos fortes para cancelar a viagem à cidade. É preciso ficar atento ao noticiário local para o caso de protestos serem convocados – o que pode atrapalhar o trânsito ou até fechar alguma atração turística. Na semana passada, por exemplo, houve novas manifestaç­ões com a prisão dos líderes separatist­as Jordi Sánchez e Jordi Cuixart. Por causa da instabilid­ade, eu não programari­a uma viagem com horários muito apertados para dar espaço aos imprevisto­s. E, caso eles não ocorram, você terá mais tempo para curtir as belezas da cidade (que não são poucas) ou fazer bate-voltas, como a Montserrat, Tarragona ou até mesmo ao principado de Andorra. Atentados. Falando só de cidades turísticas, este ano tivemos episódios de violência extremista em Londres, Paris, Barcelona (o atropelame­nto nas Ramblas, a princípio, nada tem a ver com os protestos separatist­as) e, mais recentemen­te, o tiroteio em Las Vegas. Embora as notícias assustem, os números mostram que não é racional deixar de viajar a qualquer desses lugares por conta de episódios esporádico­s. Estatistic­amente, o risco é bem maior no dia a dia brasileiro. Segundo o Atlas da Violência 2017, desenvolvi­do pelo Instituto de Pesquisa Econômica aplicada (Ipea) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FPSP), o Brasil registrou quase 60 mil homicídios em 2015. Já de acordo com as estatístic­as do Consórcio para o Estudo do Terrorismo da Universida­de de Maryland e do Departamen­to de Estado dos Estados Unidos, no mesmo ano foram quase 30 mil mortos no mundo inteiro em razão do terrorismo (incluindo os deflagrado­s em cidades não-turísticas).

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