O Estado de S. Paulo

Em 2018, aéreas serão obrigadas a rastrear malas

O número de bagagens perdidas diminui há dez anos e, a partir de junho de 2018, as próprias empresas serão obrigadas a rastrear cada peça, do check-in ao desembarqu­e

- Igor Moraes ESPECIAL PARA O ESTADO

O número bagagens extraviada­s no transporte aéreo mundial vem sendo reduzido nos últimos dez anos – em 2016, caiu 7,2% em relação ao ano anterior –, enquanto o total de passageiro­s aumentou. Mas saber desse cenário positivo não alivia o desconfort­o quando a mala que não aparece na esteira do aeroporto é justamente a sua.

Para combater o problema, que afeta também a imagem das empresas aéreas, entra em vigor em 1.º de junho de 2018 a Resolução 753 da Associação Internacio­nal de Transporte Aéreo (Iata), que obriga as companhias a rastrearem todas as malas que transporta­m. O monitorame­nto deverá ser feito em quatro pontos-chave do trajeto: no check-in; no transporte da mala ao porão da aeronave; no desembarqu­e; e na entrega ao passageiro.

O rastreamen­to de bagagens ainda é um problema para brasileiro­s. O equipament­o Trakdot, que usa tecnologia de celular para traçar o caminho da mala, dei- xou recentemen­te de ser vendido no Brasil – o dólar alto inviabiliz­ou a importação, segundo Alex Manhas, representa­nte de vendas da empresa no Brasil.

Vítima de extravio de bagagem em uma viagem a Recife, a estudante Juliane Jantolsky, de 22 anos, criou com amigas um equipament­o similar, que atualmente só existe em forma de protótipo. As jovens procuram parceria para comerciali­zar a invenção (leia mais nesta página).

Radiofrequ­ência. Ao menos duas companhias aéreas – ambas dos Estados Unidos – já adotam tecnologia de identifica­ção das malas por radiofrequ­ência. O sistema é conhecido como RFID.

A Delta adotou no fim do ano passado o RFID. Um chip é inserido dentro da etiqueta que a mala recebe no momento do checkin e emite sinais de radiofrequ­ência que mostram sua localizaçã­o. Todo o percurso pode ser acompanhad­o pelo passageiro por meio do aplicativo Fly Delta, que dispara notificaçõ­es com a localizaçã­o da bagagem em pontos críticos da viagem.

Outra companhia que informa a localizaçã­o da mala ao passageiro via aplicativo é a American Airlines – mas apenas nos casos em que a peça chega ao aeroporto de destino antecipada­mente ou com atraso.

Entre as aéreas brasileira­s, a Latam informou que adotou um sistema chamado de Bag Manager, com registro das bagagens despachada­s e GPS nos carros que transporta­m malas nos pátios dos aeroportos. Gol e Azul disseram que ainda estão analisando a tecnologia a ser adotada para cumprir a resolução da Iata.

Números. O extravio de bagagens no transporte aéreo mundial chegou no ano passado ao menor número de ocorrência­s, de acordo com o Relatório de Bagagens anual da Sita, empresa de tecnologia­s da informação para aviação que faz o estudo sob encomenda da Iata. Foram 5,73 malas extraviada­s para cada grupo de 1 mil passageiro­s em 2016, um total de 21,6 milhões de peças. No ano anterior, o índice foi de 6,53 peças de bagagem extraviada­s para cada 1 mil viajantes, um total de 23,3 milhões de malas.

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BRANDON MAGNUS/NYT Check-in. Delta já tem chip de radiofrequ­ência na etiqueta

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