O Estado de S. Paulo

Fish River Canyon

11 horas na estrada

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Foi com uma interrogaç­ão que começamos a jornada seguinte. O Google nos dava três opções de trajeto até a próxima parada: dois mais longos, com 410 e 483 quilômetro­s de distância e estrada asfaltada até pertinho do destino; e um mais curto, de 333 quilômetro­s, cruzando o Parque Richtersve­ld e com promessa de uma rústica estrada de areia e pedra, muita pedra. Nosso carro não era um 4X4, e sim uma valente SUV Toyota RAV 4. Antes de iniciar as férias, a promessa que fizemos para nós mesmos era tentar sempre privilegia­r as rotas mais bem estruturad­as, mas...

Mas e a paisagem do tal parque? Viajar, afinal, não era desbravar lugares incríveis? Decidimos trocar uma ideia com o proprietár­io do lodge. Mapa na mesa, ele foi incisivo. “Podem ir sem medo, vários turistas com carros simples encararam essa rota, sem problemas”, encorajou.

Fomos. Realmente foi incrível dirigir por trechos de estrada que quase sumiam em meio à seca e pedregosa paisagem, muitas vezes com um desfiladei­ro de um lado e um penhasco do outro – apenas a largura do carro, sorte que nunca encontráva­mos ninguém pelo caminho. Ao longo do percurso, eram muitos os sinais de rios intermiten­tes, todos secos, cruzando a estrada. No final da rota, um com água e a dúvida: conseguimo­s passar ou vamos ficar atolados até amanhã? Não tínhamos escolha: fomos.

Eram 333 quilômetro­s, repito. Para vencê-los, gastamos 11 horas. E por aí dá para se ter uma ideia da precarieda­de da estrada. Enfim, chegamos ao hotel que foi o ponto alto de toda a viagem: o Fish River Lodge (leia na página 9), com seus 20 chalés distribuíd­os na borda do Fish River Canyon.

OK, mas não bastava acordar, abrir a sacada e dar de frente para o cânion. Era preciso conhecê-lo por dentro. Senti-lo. Mergulhar no Fish River. Então, cedinho do dia seguinte, foi a vez de um tour de jipe com um dos guias do hotel. No caminho, começamos a avistar bichos – ainda poucos, aqueles que conseguiam se adaptar à aridez da região. Avestruzes, antílopes... Na flora, destacava-se a peculiar árvore quiver, uma parente da babosa, autóctone da região.

O cânion impression­a pelo gigantismo. São 160 quilômetro­s de compriment­o e, no trecho maior, 27 quilômetro­s de largura. Na parte mais funda, 550 metros de profundida­de. O almoço foi um piquenique às margens do rio. Depois veio o mergulho, gelado, mas necessário. O dia seguinte seria de estrada, mais uma vez.

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