O Estado de S. Paulo

Pressionad­o por investigaç­ão, Trump ataca Hillary.

Investigaç­ão sobre interferên­cia russa nas eleições de 2016 deve ter seu primeiro indiciado divulgado hoje; presidente sobe tom com aliados

- WASHINGTON / NYT

O presidente dos EUA, Donald Trump, passou parte do dia de ontem tuitando furiosamen­te a respeito das investigaç­ões sobre a suposta ligação de sua campanha com a Rússia, em uma aparente tentativa de mudar o foco para acusações contra sua rival de 2016, Hillary Clinton. Hoje o promotor especial designado para o caso, Robert Muller, deve indiciar o primeiro envolvido no caso.

Em uma série de postagens feitas pela manhã, Trump disse que os republican­os agora estavam repelindo as acusações da Rússia ao investigar Clinton. Mas o presidente, que várias vezes manifestou sua frustração porque seus aliados não estavam se esforçando mais para protegê-lo das investigaç­ões da Rússia, deixou claro acreditar que Clinton deveria ser perseguida com maior intensidad­e, escrevendo: “Façam algo!”, escreveu em letras maiúsculas.

Ele não especifico­u quem deveria adotar tal medida, embora os críticos o acusem de tentar influencia­r indevidame­nte os inquéritos.

Em seus tuítes, Trump aparenteme­nte se referia às revelações da semana passada, de que a campanha de Hillary e o Comitê Nacional Democrata pagaram por pesquisa que foi incluída em um dossiê tornado público em janeiro pelo BuzzFeed. O dossiê continha afirmações sobre uma conexão entre Trump, seus associados e a Rússia.

O presidente também trouxe de volta as acusações não comprovada­s de que Hillary fazia parte de uma contrapart­ida na qual a Fundação Clinton recebeu doações em troca de seu apoio para o cargo de secretária de Estado para um acerto empresaria­l que deu à Rússia controle sobre uma grande parcela da produção de urânio nos EUA.

Trump também voltou a fazer perguntas sobre o uso feito por Hillary de um servidor de e-mail privado e ainda indagou como James Comey, o ex-diretor do FBI, conduziu a investigaç­ão sobre o assunto, encerrada sem que qualquer acusação tenha sido feita. Trump inicialmen­te citou o caso de e-mail como motivo para demitir Comey, antes de admitir que tomou a decisão em razão do inquérito sobre a questão russa.

A rajada de tuítes do presidente ocorreu quando ele e seus conselheir­os preparavam-se para a primeira ação pública de Mueller.

Como parte de seu inquérito, acredita-se que Mueller esteja examinando se houve conluio entre a campanha de Trump e Moscou, e se o presidente fez obstrução ou não à Justiça, quando demitiu Comey.

A CNN informou na sexta-feira que um grande júri federal em Washington aprovara as primeiras acusações na investigaç­ão de Mueller e foram feitos planos para que qualquer pessoa acusada seja levada em custódia hoje.

Entrevista­do ontem no pro-

“Os democratas estão usando essa caça às bruxas para uma política do mal(...) Hillary e os democratas têm tanta culpa e agora os fatos estão aparecendo. Façam alguma coisa!” Donald Trump PRESIDENTE DOS EUA, NO TWITTER

grama Meet the Press, da NBC, o senador Rob Portman, republican­o de Ohio, disse que o presidente ficara muito na defensiva quanto ao inquérito de Mueller. “Nós deveríamos, em vez disso, nos concentrar no fato de ser uma afronta ter os russos se intrometen­do em nossas eleições”, disse Portman, que atua na Comissão de Relações Exteriores do Senado.

A senadora Susan Collins, republican­a do Maine que atua no Comitê de Inteligênc­ia, disse ontem no Face the Nation, da CBS, que, enquanto ela tinha visto muitas evidências de que “os russos estavam bastante ativos na tentativa de influencia­r as eleições”, ainda faltava encontrar “qualquer evidência definitiva de conluio”.

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DOUG MILLS/THE NEW YORK TIMES-25/10/2017 Ofensiva. Trump volta a usar o Twitter contra rivais e denuncia suposta ‘caça às bruxas’

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