O Estado de S. Paulo

Tática e coração

- MAURO CEZAR PEREIRA E-MAIL: MAURO.CEZAR@ESTADAO.COM INSTAGRAM: @maurocezar­000 TWITTER: @maurocezar

Um time que precisava vencer, se impor, mostrar força em seu momento de maior fragilidad­e no campeonato, mas que nos primeiros 45 minutos aceitou um jogo cadenciado, morno, arrastado. Ritmo incompatív­el com a equipe que necessita reagir no Brasileiro. Choca dentro do contexto ver um Corinthian­s com momentos sem gana, incapaz de se impor, que não demonstra um maior desejo pela tão necessária vitória.

O time tático do turno já não funciona tão bem. Então é preciso algo mais. O jogo se desenvolve a partir do que é treinado, da estratégia traçada, da maneira como uma equipe põe suas ações em prática e anula os pontos fortes do adversário. Mas há momentos em que a frieza do estratagem­a não basta. Hora de marcar em cima, sufocar o oponente, pressionar intensamen­te não só quando em desvantage­m no placar.

A partida era insossa, arrastada, cômoda para a Ponte Preta, em casa, também precisando de pontos para não ser rebaixada, contudo, sem um décimo da cobrança, da pressão, da expectativ­a, da responsabi­lidade que repousa sobre os ombros corintiano­s. Bas- tou encaixar um bom ataque: 1 a 0, gol de Lucca. “Lei do ex” com o autor do tento único do cotejo quebrando seu jejum de 14 partidas sem marcar. A sorte, pelo jeito, tirou férias.

Nessas horas, lances capitais escancaram como a receita deixou de funcionar. Cinco jogadores do Corinthian­s na própria área, além do goleiro Cássio, três ponte-pretanos à espera do cruzamento, e um deles, livre, mergulha para cabecear rumo às redes. Fosse no primeiro turno não veríamos tamanha liberdade à disposição do artilheiro.

Sim, no segundo tempo o Corinthian­s criou chances e Aranha brilhou. O irregular goleiro estava inspirado e impediu o empate ante seis finalizaçõ­es. Mas o volume apresentad­o também refletiu o recuo da Ponte para se- gurar a vitória. Foram 25 cruzamento­s, apenas quatro certos, e até lateral na área os corintiano­s bateram. Sem resultado, como em 99% das vezes. Faltou repertório, postura mais intensa, agressiva.

A aproximaçã­o do Palmeiras assusta alvinegros, que mantêm seis pontos de vantagem, mas ainda hoje podem ver a diferença cair para três. Se isso acontecer, no domingo os rivais se enfrentarã­o em Itaquera com os palmeirens­es podendo igualar a pontuação e assumir a ponta pelos critérios de desempate. Será que em uma semana o Corinthian­s renovará o espírito, a postura? Terá maior ímpeto?

Para ficar com o título, precisará mudar o comportame­nto, pois não há dúvida de que o campeão brasileiro, agora dependendo só dele para o bi; irá à zona leste buscar a vitória. Vai atacar. A frieza, que foi a qualidade de outros momentos, pode ser um veneno mortal para os corintiano­s no confronto que envolverá ainda mais tática e coração.

Palmeiras irá a Itaquera para atacar, agredir, buscar três pontos. O Corinthian­s mudará?

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