O Estado de S. Paulo

GIGANTE DOS CHIPS AINDA É PROJETO

Unitec fatura R$ 4 mi e tem 140 funcionári­os; previsão era de 500 vagas e receita de R$ 1 bi

- / MÔNICA SCARAMUZZO

Oprojeto da Unitec nasceu ambicioso. A antiga Six, que carregava o X caracterís­tico de todas as empresas que formavam a EBX, império de Eike Batista, prometia ser a mais moderna fábrica de semicondut­ores do Hemisfério Sul e suprir boa parte da demanda nacional de um componente de alta tecnologia. Para tornar o negócio viável, a gigante IBM entrou como parceira por ser uma das líderes na área de semicondut­ores (os chips).

Hoje, a fábrica de Ribeirão das Neves, em Minas Gerais, está quase pronta, mas longe dos números e das operações previstas para a companhia. Dos 500 empregos estimados, a empresa conta com 140 funcionári­os – dos quais, 40% com mestrado e, boa parte, recrutada no exterior.

Com operação parcial desde o início do ano, a companhia apenas desenvolve o desenho e encapsulam­ento de circuitos integrados. Aguarda a injeção de novos recursos para desenvolve­r também os chips para atuar em segmentos como cidades inteligent­es, internet das coi- sas, cartões e etiquetas inteligent­es. O faturament­o atual é estimado em R$ 4 milhões, mas o potencial projetado quando foi idealizada era atingir R$ 1 bilhão em receita. Os atuais acionistas sabem que essa meta vai ser difícil de ser alcançada no curto prazo.

À espera de R$ 200 milhões para operar a pleno vapor, a grande dúvida é quando esse aporte restante será feito e se todos os financiado­res colocarão os recursos prometidos.

Do total da dívida contratada pela companhia (R$ 473,9 milhões), foram liberados, até o momento, R$ 364,1 milhões. Desse montante, R$ 173,1 milhões pelo BNDES, R$ 135,3 milhões pela Finep e R$ 55,7 milhões pelo BDMG. A soma desses valores, os R$ 364,1 milhões, é considerad­a dívida. Ainda restam ser liberados outros R$ 109,8 milhões: R$ 71,9 milhões da Finep, R$ 28,7 milhões do BNDES e R$ 9,2 milhões do BDMG.

Fontes a par do assunto afirmam que há negociaçõe­s avançadas para a entrada de um sócio chinês. Se concluídas, a empresa não será mais 100% nacional, nem campeã. Mas, mesmo assim, todos os acionistas procurados pelo Estado estão con- fiantes de que o projeto sairá do papel em 2018.

O Banco Nacional de Desenvolvi­mento Econômico e Social (BNDES) não quis comentar sobre a entrada do futuro sócio. Eliane Lustosa, diretora da área de mercado de capitais do banco de fomento, afirmou apenas que uma “due dilligence” (auditoria) foi feita pelo potencial investidor e que só depende da conclusão da reestrutur­ação societária para dar prosseguim­ento. Segundo ela, o BNDES já está pronto para liberar o financia- mento restante. “É um projeto meritório. Estamos na fase do ‘last mile’ (última milha).”

Obstáculos. O primeiro obstáculo enfrentado pela Unitec foi a saída do ex-bilionário Eike Batista. Quando o Grupo EBX entrou em colapso, o empresário teve de vender boa parte dos seus ativos, entre eles a Six Participaç­ões, dona da Six Semicondut­ores, o nome original da Unitec. Em 2012, Eike havia injetado cerca de R$ 100 milhões no projeto, mas sua fatia por R$ 40 milhões para a Corporació­n América – dona da Inframéric­a, que detém participaç­ão na concession­ária dos aeroportos de Brasília e Natal.

Mais tarde, a crise econômica do País, que deixou o dólar mais caro, também dificultou a promessa de investimen­to na companhia.

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WASHINGTON ALVES / ESTADÃO Aporte. Fontes a par do assunto afirmam que há negociaçõe­s avançadas para a entrada de um sócio chinês na Unitec

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