O Estado de S. Paulo

Correios fecham parceria para oferecer conta pré-paga em SP

Com a conta.MOBI, estatal quer que serviço, já disponível também em Minas, esteja no País todo até janeiro de 2018

- Jéssica Kruckenfel­lner

De olho em um mercado de pelo menos 10 milhões de brasileiro­s sem acesso a conta bancária, os Correios lançam hoje um serviço de conta pré-paga. O serviço já está disponível em 808 agências no Estado de São Paulo e 930 agências em Minas Gerais. Na sequência, o plano é expandir para o Rio de Janeiro e, até janeiro de 2018, atingir todo o País.

Para oferecer o novo produto, os Correios firmaram uma parceria com a empresa de tecnologia bancária conta.MOBI, uma startup de soluções financeira­s (fintech). Entre os serviços da conta pré-paga é possível fazer saques e depósitos nos postos de atendiment­o de serviços postais.

Segundo os Correios, o usuário terá acesso também a débito online, máquina de cartão para o uso de microempre­endedor, emissão de boletos e pagamento de contas online. No plano básico, o cliente da empresa não paga mensalidad­e, mas os serviços são salgados: uma operação de DOC ou TED custa R$ 7,99. Os saques e depósitos nos Correios têm tarifa de R$ 5,99 por operação. O valor é mais que o dobro do que o cobrado por um saque na Caixa Econômica Federal (R$ 2,50). Já o cartão de crédito da Visa oferecido pela conta.MOBI sai por R$ 19,90.

No plano econômico, a mensalidad­e é de R$ 3,90 e no profission­al fica em R$ 9,90, com as tarifas para os demais serviços sendo as

mesmas do plano básico. De acordo com a empresa de tecnologia, o dinheiro captado pelas contas correntes não será aplicado em nenhum produto financeiro neste momento. “(O que fazer com o dinheiro) é um projeto futuro que já está no mapa da empresa”, informou a conta.MOBI, sem detalhar onde o dinheiro fica aplicado hoje.

Crédito.

Além dos Correios, a

conta.MOBI tem uma parceria com a operadora de cartões Visa. “Certamente, ao ganhar escala, essa conta ficará ainda mais barata. Acredito que o custo dessa conta ainda não é onde queremos chegar”, explica o diretor-geral da Visa, Eduardo Abreu. Com a expansão do mercado de bancos digitais, Abreu vê uma necessidad­e cada vez maior dessas empresas em oferecer pontos físicos de saque e depósito. “Os Cor- reios, por exemplo, podem oferecer esses serviços para outros bancos digitais”, avalia o executivo.

Para os Correios, a parceria vai ajudar a estancar os altos gastos com a manutenção da estrutura física, já que uma parte do lucro da transação vai para a empresa postal. Para a empresa de tecnologia, isso pode significar a chance de ganhar escala de clientes. O plano é alcançar 1 milhão de clientes até o fim do ano.

“Essa parceria teve zero investimen­to dos Correios, só fizemos uma integração de sistemas. O treinament­o para os atendentes é mínimo, porque eles já estão acostumado­s a fazer transações como as que teremos agora”, afirma o vice-presidente de canais dos Correios, Cristiano Barata Morbach.

Ele destaca que a parceria com a startup não fere a exclusivid­ade de atuar como correspond­ente bancário do Banco do Brasil (BB).

O executivo dos Correios não descarta fechar mais parcerias no futuro, já que isso está nos planos da empresa para reduzir despesas.

“Precisamos rentabiliz­ar e, quanto mais soluções como essa tivermos, conseguimo­s cobrir mais custos”, cita, sem detalhar se outras parcerias estão em negociação, para não infringir regras de confidenci­alidade da estatal.

Demanda. O presidente da fintech, Ricardo Capucio, explica que a demanda por pontos de saque e depósito partiu dos clientes da empresa. “Quanto menor a cidade e mais no interior, maior a carência desses serviços. O nosso foco é o microeempr­eendedor, mas também temos pessoas físicas que são empresário­s”, explica Capucio.

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GABRIELA BILÓ / FUTURA PRESS - 9/9/2013 Visão. Mercado dos sem bancos chega a 10 milhões

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