O Estado de S. Paulo

Com o juro baixo, é preciso avaliar a renda variável

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Ouvi falar que com a nova queda da Selic os investimen­tos de renda fixa ficaram quase todos a mesma coisa. Dá para dizer que a poupança voltou a ficar interessan­te?

Isso é verdade parcialmen­te porque com a queda da Selic o ganho bruto com renda fixa tende a ser menor, mas o importante é considerar a rentabilid­ade líquida. Assim, não dá para nivelarmos todos os investimen­tos. Quanto mais a taxa básica de juro da economia cair, maior será a necessidad­e de compararmo­s os diversos tipos de investimen­tos em termos de retorno líquido. Em outros termos, nós temos de fazer as comparaçõe­s com mais cuidado, consideran­do o risco, o prazo de aplicação, os custos e a tributação. Outro aspecto que devemos considerar é que a taxa real de juro ainda é alta no Brasil. Com a Selic a 7,5% ao ano, a taxa de juro real da economia brasileira está em torno de 3% ao ano, consideran­do a inflação prevista para os próximos 12 meses. Ainda assim, esta é a terceira maior taxa de juro do mundo, atrás de Turquia e Rússia. Portanto, investir em renda fixa ainda é uma boa opção. A Caderneta de Poupança passa a render 5,25% ao ano mais a variação da TR. No acumulado do ano, a poupança rendeu 5,41% até setembro/17 em termos líquidos, ante a inflação acumulada de 1,78%, assim com ganho real de 3,56%. No ano de 2016, a rentabilid­ade anual foi de 2,02%. Hoje com a Selic mais baixa, os fundos de renda fixa somente ganham da poupança com taxas de administra­ção de 0,5% para aplicações até seis meses, prazos maiores suportam até taxas de 1%. Fundos com taxas maiores perdem para a poupança. Por outro lado, volto ao que sempre digo: qualquer investimen­to é bom em si, mas os investimen­tos não são bons para todos os bolsos e a todo momento. Com a economia brasileira entrando nessa rota mais saudável de juros baixos, nós vamos ter de começar a considerar investimen­to em renda variável e, sem dúvida, planejar melhor nossas finanças.

Tenho 42 anos, nunca guardei dinheiro e comecei a me desesperar com a aposentado­ria, que nem sei se vai existir um dia. Quanto e onde eu preciso investir para conseguir viver com pelo menos R$ 5 mil por mês a partir dos 70 anos? Primeirame­nte, calma. Nunca é tarde para começar a poupar pensando nessa nova fase da vida. Você ainda tem 28 anos pela frente para juntar o volume de recursos que permita ter o nível de vida desejado. Uma observação sobre a expectativ­a de vida: hoje, as tábuas de mortalidad­e do IBGE apontam que uma pessoa com 70 anos de idade tem uma expectativ­a de mais 13,5 anos. Daqui a 28 anos essa expectativ­a deve estar bem maior, assim o seu planejamen­to deve ser com um prazo bem mais elástico. Como você deve estar pensando, isso significa maior esforço para obter os recursos necessário­s para a aposentado­ria. Para fazer contas, deixando de fora a inflação, vamos admitir que a sua expectativ­a de vida aos 70 anos seja de 30 anos a mais. Portanto, gastando o equivalent­e a R$ 5 mil mensais por 30 anos. Consideran­do uma taxa real de juros de 3% ao ano, seria preciso ter acumulado um total de R$ 1,2 milhão na época em que você vai começar a gastar. Assim, para juntar esse dinheiro, com taxa de juros reais de 3% ao ano, você precisa poupar R$ 2.073 mensais a partir de agora e acumular recursos ao longo de 28 anos. Um investimen­to possível é em Tesouro IPCA+ 2045 (NTNB Princ) que está sendo oferecido a 5,29% ao ano mais o IPCA. Estes cálculos são simplifica­dos e alterações econômicas afetam os resultados.

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