O Estado de S. Paulo

Libertinos, sacerdotes e uma cortesã

Três óperas ganham montagens em São Paulo em um ano que tem sido difícil para o gênero, vítima de cortes

- João Luiz Sampaio ESPECIAL PARA O ESTADO

Um conquistad­or lendário, uma sacerdotis­a hindu, uma cortesã na Paris do século 19. Don Giovanni, de Mozart, está em cartaz desde sábado no Teatro São Pedro; Os Pescadores de Pérolas, de Bizet, estreia nesta segunda, 30, no Teatro Municipal; e, também nesta segunda, uma produção de La Traviata, de Verdi, ocupa o Teatro Sérgio Cardoso, depois de bre- ve turnê pelo interior do Estado. Três personagen­s, três óperas em cartaz na cidade – uma coincidênc­ia feliz em um ano que não tem sido fácil para o gênero.

Os números são pouco animadores. No Municipal, houve até agora apenas duas – em 2016, foram quatro. Os festivais de Belém e Manaus realizaram edições mais enxutas. No Municipal do Rio, apesar de produções como Jenufa e A Tragédia de Carmen, a temporada tem convivido com parali- sações pelos atrasos no pagamento de salários, que na semana passada levaram também ao cancelamen­to do balé O Lago dos Cisnes.

Don Giovanni é a segunda ópera apresentad­a pelo São Pedro após a chegada, no final do primeiro semestre, da Santa Marcelina Cultura à gestão do teatro. A programaçã­o inclui ainda a opereta La Belle Hélène, de Offenbach, em novembro. A depender da renovação do contrato de gestão no final deste ano, a entidade terá a próxima temporada para consolidar a nova proposta de repertório e de atividade pedagógica.

A produção é a mesma apresentad­a no Festival do Theatro da Paz em setembro deste ano, com direção de Mauro Wrona e cenários de Nicolas Boni, mas com novo elenco e direção musical, agora a cargo do maestro Claudio Cruz. No entanto, tudo precisou ser reconstruí­do em São Paulo, segundo a Santa Marcelina, por questões de custo e logística: as dimensões dos palcos são diferentes, havia o risco de que o tempo necessário para o transporte dos cenários gerasse atrasos nos ensaios e nas récitas e houve divergênci­as quanto aos termos de cessão de figurinos.

No Municipal de São Paulo, o clima ainda é de incertezas. Depois de Os Pescadores de Pérolas, não há nenhuma confirmaçã­o oficial a respeito de outros projetos ainda para esta temporada. O teatro está sem diretor artístico des- de que o Instituto Odeon assumiu sua gestão, em setembro. Não há previsão para o anúncio de um nome, nem posição oficial sobre a informação de que a agenda está sendo preparada por um conselho artístico, composto pelo secretário municipal de Cultura André Sturm, o maestro Roberto Minczuk, o coreógrafo Ismael Ivo e Carlos Gradim, presidente do Odeon. Que papel a ópera terá nas temporadas futuras também é uma incógnita.

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