Melhor ano
Bia Haddad sobe 115 posições em ranking.
Sem lesões e com treinador novo. Esses foram os diferenciais para o salto evolutivo dado por Beatriz Haddad Maia na temporada 2017. Depois de um susto no fim do ano passado, a tenista número 1 do Brasil e 61.ª do mundo obteve vitórias importantes, fez sua primeira final no circuito profissional e foi até indicada ao prêmio de revelação do ano. “Estou no caminho certo”, comentou Bia, já curtindo o breve período de férias.
O descanso é merecido. A atleta de 21 anos encerrou sua temporada em alta, em contraste com a angústia do início. A poucas semanas do começo do ano, um acidente doméstico resultou em três vértebras fraturadas. Se o acidente adiou a estreia nos grandes torneios, o contratempo permitiu à brasileira competir e vencer competições de menor porte.
Foi o suficiente para lhe dar ritmo e, assim, fazer bonito entre as principais tenistas do mundo. Até ela se surpreendeu com os resultados. “Não espera-
va que fosse acontecer tudo assim tão rápido’’, admite ao Estado. A evolução pode ser constatada pelo salto de 115 posições no ranking, pelo vice-campeonato em Seul – perdeu na final para a campeã de Roland Garros, Jelena Ostapenko –, pelo tí- tulo de duplas em Bogotá e pelas estreias nas chaves principais dos Grand Slams.
A boa performance se deve, segundo a própria tenista, à ausência de lesões. “É o primeiro ano que termino sem problemas físicos’’, afirma Bia, que tem histórico de contusões nas costas e no ombro. Com o corpo 100%, ela pôde dar maior atenção ao trabalho técnico e tático. Atleta da Tennis Route, principal academia do Brasil, Bia passou a ser treinada pelo argentino German Gaich, com quem viaja pelo circuito.
“Com o trabalho com ele, dei um salto bem grande no primeiro semestre. Entrei no Top 100 do ranking antes de julho”, diz a tenista, que chegou a figurar em 58.º lugar no mês passado. O trabalho sem lesões e a evolução com o treinador foram acompanhados pelo crescimento da confiança nos jogos, pela disciplina e pela satisfação em quadra. “Sempre respirei o tênis. Sou até meio exagerada na disciplina, principalmente na comida. Eu adoro comer, mas olho para aquela fritura e digo que ela não vai me ajudar a conquistar os meus objetivos.’’
As dificuldades, contudo, não ficaram para trás. O grande ano ainda não se refletiu em mais patrocinadores. “Infelizmente, poucos dos meus jogos foram televisionados.” Com a mãe professora de tênis e o pai desempregado, ela conta com as empresas que a acompanharam nesta temporada e com a premiação dos torneios.