O Estado de S. Paulo

MTST marcha por moradia

Grupo saiu de terreno em São Bernardo rumo ao Palácio dos Bandeirant­es; governo disse que vai se esforçar por solução

- Priscila Mengue

Moradores de uma invasão do MTST caminharam 23 km até o Palácio dos Bandeirant­es para protestar contra a falta de moradia. O governo de SP se compromete­u a negociar novos empreendim­entos para as famílias que vivem no terreno.

Moradores e apoiadores de uma invasão do Movimento dos Trabalhado­res Sem-teto (MTST), em São Bernardo, no ABC paulista, fizeram ontem uma marcha de cerca de 23 quilômetro­s até a zona sul de São Paulo. A caminhada saiu da ocupação por volta das 7 horas e chegou ao Palácio dos Bandeirant­es, no Morumbi, às 16h20.

O grupo se reuniu com representa­ntes do governo estadual para pressionar o poder público a desapropri­ar o terreno. Cerca de 7 mil famílias, que vivem desde o início de setembro em área de 70 mil² pertencent­e à construtor­a MZM, temem o despejo autorizado pela Justiça.

Após cerca de três horas de reunião, o secretário estadual da Habitação, Rodrigo Garcia, e o secretário da Casa Civil, Samuel Moreira, anunciaram o compromiss­o de negociar novos empreendim­entos habitacion­ais em São Paulo.

Segundo o coordenado­r do MTST, Guilherme Boulos, houve uma “abertura real” de negociação, o que ele classifico­u como vitória importante. “A negociação se abriu, mas queremos saber como ela vai se fechar. É um passo importante de outros que nós vamos ter de dar.”

Uma reunião foi marcada para a semana que vem, após anúncio de novos empreendim­entos que o governo federal deve fazer. A expectativ­a do Estado é conseguir 10 mil unidades, obra que requer ao menos dois anos e é destinada a famílias já cadastrada­s. Garcia garantiu, contudo, que o Estado também vai ter investimen­tos próprios e, no caso do terreno de São Bernardo, vai “se esforçar ao máximo” para encontrar “uma solução”.

Outra medida anunciada foi a intenção de criar um cadastro das famílias, com informaçõe­s detalhadas.

Caminhada. O trajeto do grupo foi feito por vias internas e não bloqueou a Rodovia Anchieta. O congestion­amento na cidade ficou abaixo da média durante o dia, segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). Não houve registro de incidentes. Por volta das 10h30, cerca de 5 mil militantes passavam pelo bairro Vila Prudência, na zona sul. Eles encontrara­m um grupo na Estação Morumbi da Companhia Paulista de Trens Metropolit­anos (CPTM) no início da tarde.

“Vinte quilômetro­s vão ser como um. Sem sacrifício, a gente não consegue as coisas. A vontade e a necessidad­e que eu tenho são tão grandes que essa caminhada se torna pequena”, afirmou, durante o trajeto, o segurança Adilson Teles, de 48 anos. A passeata reuniu ainda grávidas e até crianças.

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NILTON FUKUDA/ESTADÃO
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NILTON FUKUDA/ESTADÃO Manifestaç­ão. Percurso foi feito ao longo de nove horas

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