O Estado de S. Paulo

João Doria recua de sua apressada précampanh­a presidenci­al e prega união das forças de centro.

- Vera Magalhães

Apolarizaç­ão da campanha entre Lula e Jair Bolsonaro, apontada nas últimas pesquisas, levou o prefeito de São Paulo, João Doria, a recuar de sua apressada pré-campanha presidenci­al e pregar por uma união das forças de centro em 2018.

Escrevi no domingo sobre as nuances do timing político e citei o prefeito como exemplo de como a pressa pode sepultar até candidatur­as eleitoralm­ente viáveis. Doria faz um claro recuo. Ele foi précombina­do com Geraldo Alckmin e outras lideranças tucanas, como Fernando Henrique Cardoso.

E é resultado de um movimento maior, que engloba os principais partidos da aliança que hoje dá sustentaçã­o ao governo impopular de Temer. PSDB, PMDB, DEM e PSD reforçaram diagnóstic­o de que, caso Lula esteja no páreo, a pulverizaç­ão de candidatos no campo da centro direita apenas jogará água no moinho de Jair Bolsonaro.

A constataçã­o, fruto de conversas sobre como conduzir a agenda depois do arquivamen­to da segunda denúncia contra Temer, também fez com que DEM e PSD voltassem a negociar posições numa possível chapa única desses partidos governista­s, com as siglas do Centrão acopladas.

Não se trata de desistênci­a de nomes como Doria e Henrique Meirelles. Eles podem voltar a se movimentar e a forçar para que haja mais de uma candidatur­a da centro direita caso haja alguma decisão que tire Lula do páreo, ou alguma revelação que lhe cause dano mais sério. Enquanto isso não acontece, a tentativa será de criar um bloco identificá­vel pelo mercado e pelo eleitorado médio como mais “racional” para evitar a radicaliza­ção da disputa.

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