O homem político
No artigo Políticos imperfeitos (28/10, A2), o professor Marco Aurélio Nogueira faz importantes observações sobre o verdadeiro homem político, apoiando-se conceitualmente em Max Weber (o pai da sociologia moderna) e nas três qualidades que o homem público deve ter para bem governar. Recordar as referências conceituais de Weber é importantíssimo, principalmente numa época como esta, marcada pela desconfiança e pela suspeita que cercam a classe política, apesar de haver homens de bem, políticos que não separam a ação da ética. Mas talvez seja importante também buscar inspiração nos antigos pensadores políticos chineses que tomaram como ponto de partida o homem e a sociedade não como deveriam ser, mas como são – até em sua realidade mais inaceitável. Desde Confúcio, que no século 5.º antes de nossa era desenvolveu a noção do mandato celeste, e antes dele Lao-tsé, que dizia ser preferível permanecer no centro, as primeiras escolas de filosofia da China antiga procuraram definir valores sobrepondo ao mundo natural modos de interpretação humanista. Talvez seja por isso que discordo do eminente cientista político e professor quando afirma que o presidente Michel Temer tem dificuldades para combinar as três qualidades weberianas para ser um verdadeiro homem político. Muito ao contrário, o presidente, no meu modo de ver, homem cordial, personifica as melhores virtudes do homem político brasileiro, sendo capaz não só de guiar o barco do Estado nessas águas turvas, mas, pelo seu bom exemplo pessoal (à altura de um Joaquim Nabuco), transmitir a harmonia tão essencial à ordem sociopolítica, conforme nos ensinam os antigos chineses. Que Deus lhe dê força para tanto!
JOHN FERENÇZ MCNAUGHTON john@mcnaughton.com.br
São Paulo