CPI da JBS convoca ex-chefe de gabinete de Janot
Eduardo Pelella é um dos nomes da equipe do ex-procurador-geral envolvidos na suspeita de irregularidades na condução do acordo do Grupo J&F
A CPI mista da JBS aprovou ontem a convocação do procurador regional da República Eduardo Pelella para depor na condição de testemunha. Pelella foi chefe de gabinete e braço direito do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot.
O procurador é um dos nomes da equipe de Janot envolvidos na suspeita de irregularidades na condução do acordo de colaboração premiada do Gru- po J&F. O ex-procurador-geral suspendeu parte da delação após executivos do grupo citarem o auxílio do ex-procurador Marcello Miller, suspeito de fazer “jogo duplo” durante as negociações do acordo.
O “braço direito de Janot” já havia sido convidado pela CPI mista para responder a questões formuladas por parlamentares. Mas, como se tratava apenas de um convite, Pelella recusou. Ele justificou que, por ser membro do Ministério Público Federal, tem direito ao sigilo.
Os parlamentares rechaça- ram o argumento de Pelella. A negativa fez com que aprovassem em votação simbólica um requerimento de convocação, conforme antecipou ontem a Coluna do Estadão.
Uma vez convocado, ele é obrigado a se apresentar ao colegiado, sob o risco de ser conduzido coercitivamente. O depoimento de Pelella foi agendado para o dia 7 de novembro.
Reação. A convocação foi criticada pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR). “É um atentado à atua- ção independente do Ministério Público e um desvirtuamento do nobre instrumento que é uma CPI a convocação de um membro do MPF para prestar depoimento sobre fatos relacionados à sua função, principalmente em uma apuração ainda em andamento perante o Supremo Tribunal Federal, que pode implicar membros de Poderes do Estado e levar à revelação de documentos e provas ainda sob sigilo”, afirmou a entidade por meio de nota.
A comissão deve tentar ouvir ainda o próprio Janot. Ele já te- ve um convite aprovado na CPI mista e, segundo o presidente da comissão, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), a intenção é marcar uma audiência no fim de novembro ou no início de dezembro. “Está aprovado requerimento de convite de Janot. Vamos ver se ouvimos ( Janot), deve ser depois do ( empresário) Wesley Batista, dia 8 de novembro, e do Pelella”, disse Ataídes. Um requerimento para transformar o convite em convocação foi apresentado pelo relator da CPI mista, deputado Carlos Marun (PMDB-MS).
Os parlamentares convocaram também o empresário Victor Garcia Sandri, do Grupo Empresarial Cimentos Penha. Sandri é próximo ao ex-ministro Guido Mantega.
O empresário Joesley Batista, dono do Grupo J&F, afirmou, em acordo de colaboração premiada, que pagava suborno a Mantega por meio de Sandri para conseguir aportes do BNDES. O ex-ministro disse conhecer Sandri, mas nega ter cometido irregularidades.
Procurado, Pelella não quis comentar a convocação.