O Estado de S. Paulo

Líder catalão aceita eleição regional imposta por Madri

Governador deposto Carles Puigdemont diz que não busca asilo em Bruxela e enfrentará Justiça da Espanha

- Andrei Netto ENVIADO ESPECIAL / BARCELONA

Um dia depois de deixar a Catalunha, abandonand­o Barcelona, o governador deposto, Carles Puigdemont, anunciou ontem que aceita as eleições regionais convocadas pelo primeiromi­nistro da Espanha, Mariano Rajoy. O líder independen­tista garantiu que reconhecer­á o resultado das urnas, mas questionou se Madri aceitará uma eventual vitória do movimento separatist­a, que deve apresentar uma candidatur­a única em 21 de dezembro.

Na prática, a decisão de Puigdemont reconhece que a declaração de independên­cia feita pelo Parlamento regional na sexta-feira não tem nenhum valor político ou jurídico, apenas simbólico, já que os partidos secessioni­stas disputarão um pleito organizado por Madri.

Puigdemont fez sua primeira aparição pública desde o final de semana em uma sala superlotad­a do Clube da Imprensa, em Bruxelas, frente a mais de 150 jornalista­s espanhóis e estrangeir­os. O ex-governador estava acompanhad­o de 7 de seus 13 ex-secretário­s, também depostos, mas assegurou que não está na capital europeia em busca de asilo político. “Não estou aqui para pedir asilo político. Estamos aqui em busca de garantias à Catalunha da parte da Espanha”, justificou.

O ex-governador afirmou que não a abandonou o governo catalão. “Vamos continuar o trabalho, apesar dos limites que nos impõe essa estratégia da não-confrontaç­ão”, garantiu. Puigdemont afirmou ainda que não pretende escapar dos processos que terá de responder à Justiça espanhola. O ponto alto da declaração foi o questionam­ento que lançou ao governo de Mariano Rajoy sobre o reconhecim­ento de uma eventual vitória do movimento independen­tista em 21 de dezembro.

A estratégia de Puigdemont é transforma­r o pleito em uma espécie de plebiscito sobre a secessão, na esperança que uma vitória dos separatist­as lhes autorize a levar adiante a independên­cia da Catalunha. “Nós vamos respeitar o resultado das eleições que foram convocadas para 21 de dezembro, como fizemos sempre. Mas questionam­os o Estado espanhol: ele fará o mesmo? Vai respeitar o resultado das urnas?”, indagou.

Pressão

“Nós vamos respeitar o resultado das eleições que foram convocadas para 21 de dezembro (...) mas questionam­os o Estado espanhol: ele fará o mesmo?” Carles Puigdemont

GOVERNADOR DEPOSTO DA CATALUNHA

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NICOLAS MAETERLINC­K/AFP Viagem. Em Bruxelas, Puigdemont diz que não pedirá asilo

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