Líder catalão aceita eleição regional imposta por Madri
Governador deposto Carles Puigdemont diz que não busca asilo em Bruxela e enfrentará Justiça da Espanha
Um dia depois de deixar a Catalunha, abandonando Barcelona, o governador deposto, Carles Puigdemont, anunciou ontem que aceita as eleições regionais convocadas pelo primeiroministro da Espanha, Mariano Rajoy. O líder independentista garantiu que reconhecerá o resultado das urnas, mas questionou se Madri aceitará uma eventual vitória do movimento separatista, que deve apresentar uma candidatura única em 21 de dezembro.
Na prática, a decisão de Puigdemont reconhece que a declaração de independência feita pelo Parlamento regional na sexta-feira não tem nenhum valor político ou jurídico, apenas simbólico, já que os partidos secessionistas disputarão um pleito organizado por Madri.
Puigdemont fez sua primeira aparição pública desde o final de semana em uma sala superlotada do Clube da Imprensa, em Bruxelas, frente a mais de 150 jornalistas espanhóis e estrangeiros. O ex-governador estava acompanhado de 7 de seus 13 ex-secretários, também depostos, mas assegurou que não está na capital europeia em busca de asilo político. “Não estou aqui para pedir asilo político. Estamos aqui em busca de garantias à Catalunha da parte da Espanha”, justificou.
O ex-governador afirmou que não a abandonou o governo catalão. “Vamos continuar o trabalho, apesar dos limites que nos impõe essa estratégia da não-confrontação”, garantiu. Puigdemont afirmou ainda que não pretende escapar dos processos que terá de responder à Justiça espanhola. O ponto alto da declaração foi o questionamento que lançou ao governo de Mariano Rajoy sobre o reconhecimento de uma eventual vitória do movimento independentista em 21 de dezembro.
A estratégia de Puigdemont é transformar o pleito em uma espécie de plebiscito sobre a secessão, na esperança que uma vitória dos separatistas lhes autorize a levar adiante a independência da Catalunha. “Nós vamos respeitar o resultado das eleições que foram convocadas para 21 de dezembro, como fizemos sempre. Mas questionamos o Estado espanhol: ele fará o mesmo? Vai respeitar o resultado das urnas?”, indagou.
Pressão
“Nós vamos respeitar o resultado das eleições que foram convocadas para 21 de dezembro (...) mas questionamos o Estado espanhol: ele fará o mesmo?” Carles Puigdemont
GOVERNADOR DEPOSTO DA CATALUNHA