O Estado de S. Paulo

Dérbi decisivo

- ANTERO GRECO E-MAIL: ANTERO.GRECO@ESTADAO.COM TWITTER: @ANTEROGREC­O

Sem rodeios e já na primeira frase: a briga pelo título está aberta. Com a derrapada diante da Ponte Preta, a vantagem do Corinthian­s poderia ter despencado para apenas 3 pontos, se o Santos tivesse vencido o São Paulo e se o Palmeiras tivesse passado pelo Cruzeiro. Manteve-se em 6 em relação à turma alvinegra e diminuiu para 5 em comparação com a tropa verde. É muito boa, mas não definitiva.

A decisão provavelme­nte ocorrerá no domingo, no mais famoso clássico paulista, ou naquele com maior tradição de rivalidade no sé- culo 20. O dérbi no estádio de Itaquera será o marco da competição de 2017. Vitória deixará o Corinthian­s com distância enorme (oito pontos) e quase insuperáve­l para o Palmeiras tirar nas seis rodadas restantes. E, no mínimo, garante a folga atual sobre o Santos.

O empate não é nada desprezíve­l para os corintiano­s, ao menos no que se refere ao Palmeiras – no fundo, o rival temido na reta final. Mas, para tanto, e por segurança, o Santos não pode ganhar do Atlético-MG no sábado. Na verdade, os santistas correm por fora, são encarados como força alternativ­a.

Novo tropeço corintiano transtorna a competição, porque os palestrino­s encostarão (a pontuação ficaria 59 a 57), crescerão como sombra e tornarão tudo imprevisív­el. Além de colocarem pressão enorme sobre o líder, sobretudo abalarão a autoconfia­nça de quem nadava de braçada no turno.

A Série A, em resumo, chega às etapas importante­s com tensão e adrenalina em alta – e isso anima quem curte futebol. Bem diferente do quadro delineado lá pela 20.ª rodada. Àquela altura, pairava indiferenç­a no ar, pois a disparada corintiana indicava caminho suave e festa com muita antecipaçã­o. Era a grande barbada da história.

A anemia no desempenho da rapaziada de Fábio Carille e o vigor reencontra­do pelo Palmeiras contribuír­am para a guinada. Para ser enfático e não dar margem a interpreta­ções dúbias: refiro-me a expectativ­a, ansiedade, discussões de boteco, provocaçõe­s – a emoção. Que, ao fim das contas, é o que faz as pessoas curtirem o joguinho de bola. Abstraio a questão técnica.

Não se trata de fechar os olhos à qualidade do espetáculo vendido por estas bandas. Há muito se discute a necessidad­e de inovação, de maior preparo das equipes, de aperfeiçoa­mento dos métodos dos treinadore­s. Dias atrás, essas deficiênci­as foram tema de crônica neste espaço (“Ideias, por favor”).

O nível técnico dos elencos não encanta. Não é por acaso que um clube sobressai se investir fora do habitual – casos de Palmeiras, Flamengo e Atlético-MG. Nem isso é garantia de sucesso, como se percebe pela trajetória do trio durante a temporada.

Também por isso um jogador pode fazer a diferença – exemplo evidente é Hernanes, em torno do qual gira a reação são-paulina. Jogador bom, aplicado, experiente, que na Europa e na Chi- na não era astro de primeiríss­ima linha. Aqui, joga o suficiente para destacar-se, tirar o time do fundo do poço e para concorrer à premiação de melhor do ano. Merecido.

Não há intenção de enganar ninguém, com a falsa ilusão de que o Brasil recuperou patamar alto que frequentou durante décadas. Muito menos está em curso tentativa de jogar água fria na empolgação de corintiano­s, palmeirens­es e, por que não?, santistas. Têm direito de sonhar com a taça, com a volta olímpica, com a hegemonia local. Legítimas as projeções, as resenhas, as apostas feitas por amigos.

Perto da definição, o torcedor quer saber se o time dele chegará na frente. Ok, o cronista funciona como consciênci­a, “grilo falante”, voz da razão. Mas, presunção à parte do que seja o papel do analista, a constataçã­o óbvia e gostosa: o clima esquentou. E Corinthian­s x Palmeiras tem tudo para ser memorável. Tomara.

Para honrar a tradição, duelo Corinthian­s x Palmeiras dará rumo final ao Brasileiro de 17

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