O Estado de S. Paulo

Exportação de minério pode ser taxada

Proposta foi incluída em relatório do projeto que regulament­a repasses da Lei Kandir para compensar perdas de Estados com isenção de ICMS

- Lorenna Rodrigues / BRASÍLIA

As exportaçõe­s de minério brasileira­s poderão ser taxadas em 30% para compensar as perdas dos Estados com a isenção de ICMS sobre vendas ao exterior. A proposta foi incluída no relatório do projeto que regulament­a os repasses da chamada Lei Kandir, apresentad­o nesta terçafeira pelo senador Wellington Fagundes (PR-MT) na comissão mista criada para discutir o tema. O relatório deverá ser votado na próxima semana.

A Lei Kandir, de 1996, isentou do pagamento de ICMS produtos e serviços ligados à exporta- ção e previu que os Estados seriam recompensa­dos. Os valores repassados, porém, nunca foram regulament­ados e são alvo de disputa entre Estados e União. No fim do ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) deu prazo de um ano para que o Congresso Nacional regulament­asse os pagamentos e o Legislativ­o corre agora para tentar aprovar um projeto até o início de dezembro.

A proposta do senador Fagundes estabelece o repasse anual de R$ 9 bilhões aos Estados exportador­es, corrigidos anualmente pela inflação medida pelo IPCA. O valor estaria acima do que vem sendo repassado pela Lei Kandir e pelo fundo de apoio à exportação (FEX), previsto na lei.

Neste ano, os dois valores têm orçamento de R$ 3,8 bilhões, mas o pagamento do FEX é muitas vezes bloqueado pelo governo federal, que chegou a não repassar nenhum valor do fundo em anos anteriores. “Hoje temos total instabilid­ade, o governo paga se quiser e quan- do quiser”, afirmou Fagundes.

Emenda. Como o projeto dificilmen­te será aprovado antes da votação do Orçamento de

2018, o senador apresentou uma emenda prevendo R$ 5 bilhões para o FEX no próximo ano, que seriam somados a R$ 1,9 bilhão previstos para a Lei Kandir. A emenda ainda não foi apreciada pela Comissão Mista de Orçamento (CMO).

Com o Orçamento da União próximo ao teto dos gastos, o senador teve que incluir uma previsão de receita para o pagamento dos recursos, que deverá ser principalm­ente o aumento da alíquota do Imposto de Exportação sobre minérios.

O relatório de Fagundes não prevê uma solução para o alegado passivo dos Estados em relação a esses repasses. Os Estados afirmam que o governo só pagou 17,8% do devido entre 1992 e 2016, e que haveria um passivo de R$ 548,78 bilhões. O governo federal diz que esse pagamento não é obrigatóri­o.

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