O Estado de S. Paulo

Congresso resiste ao fim da desoneraçã­o como quer governo

Relator da proposta de reoneração diz que governo tem de ‘calçar sandálias da humildade’ para discutir o tema

- Idiana Tomazelli Igor Gadelha / BRASÍLIA

A nova investida da equipe econômica para acabar com o benefício concedido a empresas por meio da desoneraçã­o da folha de pagamento já enfrenta resistênci­as no Congresso Nacional. Após o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Fabio Kanczuk, ter classifica­do o programa lançado no governo Dilma como “uma droga de projeto”, o relator da proposta de reoneração na Câmara, deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), man- dou o governo “calçar as sandálias da humildade” para discutir o tema.

“Valentia não resolve. Já foram quatro tentativas frustradas de mexer nesse tema”, afirmou Silva ao Estadão/Broadcast. O deputado, embora faça parte da oposição, é um dos principais aliados do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e sua designação para o posto já é um recado em si. Maia em outras ocasiões demonstrou resistênci­a ao fim da desoneraçã­o das empresas e tem ultimament­e protagoniz­ado embates com o Planalto em torno das medidas de ajuste para o Orçamento de 2018. Entre elas está a reoneração, que deve trazer R$ 5,3 bilhões em receitas líquidas no ano que vem.

O recado do relator foi direcionad­o aos integrante­s da equipe econômica que teceram duras críticas à política criada no governo Dilma e que permanece até hoje por pressão dos empresário­s. “(Foi) Uma droga de projeto. Não tem muito papo, é ruim”, disparou Kanczuk em evento do Tribunal de Contas da União (TCU) promovido para discutir os subsídios bancados pelo governo federal. Maia evitou comentar o assunto. “Se ele ficou feliz de falar isso, ok. Não estou no tema agora”, disse ao Estadão/Broadcast por mensagem de texto de Israel, onde está em viagem oficial.

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