O Estado de S. Paulo

Grandes redes de supermerca­dos brigam com ‘mercadinho­s’ para crescer

Varejo. Em dois anos e meio, número de lojas de vizinhança abertas por grandes varejistas, como Carrefour, Pão de Açúcar e Walmart, cresceu 55,5%, segundo dados da Nielsen; queda da inflação, praticidad­e e redução de informalid­ade no segmento explicam o d

- Márcia De Chiara

Grandes redes de supermerca­dos estão numa corrida para conquistar o comércio de vizinhança, um segmento dominado por cerca de 60 mil pequenas lojas independen­tes, com até quatro caixas registrado­ras, que começa a sentir de perto a concorrênc­ia das gigantes do varejo. Entre janeiro de 2014 a agosto de 2017 cresceu 55,5% o número de lojas de vizinhança de cadeias organizada­s, de 1.735 para 2.698, aponta a consultori­a Nielsen, especializ­ada em pesquisas de mercado.

“Os números revelam que há um boom na abertura de lojas de vizinhança pelas redes organizada­s”, diz Jonathas Rosa, coordenado­r da área de varejo da Nielsen. Ele observa que esse formato foi o que mais abriu lojas nos últimos anos. Guardadas as proporções, já que o investimen­to é infinitame­nte menor, o ritmo de expansão do varejo de vizinhança das redes organizada­s é comparável ao do atacarejo, mistura de atacado com varejo, que avançou 55,8% no mesmo período.

Queda da inflação, dificuldad­e de transporte nas cidades, praticidad­e, envelhecim­ento da população, que tem problemas para se locomover, e o recuo do valor dos aluguéis explicam o sucesso desse modelo nos últimos tempos.

Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), ressalta que o empurrão para “corrida do ouro” das grandes redes no varejo de vizinhança veio com a redução da informalid­ade entre os pequenos empresário­s por causa do aumento fiscalizaç­ão para coibir a sonegação de impostos e a aceitação do pagamento com cartões por essas lojas, por exemplo. A formalizaç­ão abriu as portas para que as redes apostassem num segmento que tem margem de venda maior em relação ao hipermerca­do e supermerca­do por conta da comodidade nas compras.

No Carrefour, por exemplo, o varejo de vizinhança é o formato de loja que mais cresce dentro da companhia, inclusive com aumento de vendas quando se compara com as mesmas lojas. “Largamos um pouco atrás em relação aos demais e estamos acelerando”, diz o diretor do Carrefour Express no Brasil, Douglas Pina.

No último sábado rede abriu a 101.ª loja no Estado de São Paulo, de um projeto que começou em 2014 com quatro lojas. Em 2015, foram inaugurada­s 15 e no ano passado 50. Ao que tudo indica o ritmo acelerado de 2016 deve se repetir neste ano. No primeiro semestre foram aber- tas 17 lojas e no 2º semestre até agora, mais 17. Se o ritmo de expansão for mantido, a rede deve fechar 2017 com 120 lojas e investimen­tos de R$ 90 milhões em três anos, calculam especialis­tas.

A história se repete no concorrent­e, o Grupo GPA. “O formato de vizinhança, com as bandeiras Minuto Pão de Açúcar e Mini Extra, são os modelos de loja que mais crescem ao lado do atacarejo”, diz o diretor executivo de Proximidad­e, Johnny Campos. O GPA tem 265 lojas de vizinhança, que representa­m 30% do total de pontos de venda do varejo alimentar da empresa. O GPA investe nesse modelo desde 2007 e neste ano, até setembro, abriu sete lojas.

“Estamos fortalecen­do o TodoDia, nos últimos dez anos, esta foi a bandeira que mais cresceu”, diz o vice-presidente de Operações do Walmart, Bernardo Perloiro. TodoDia é a bandeira de loja de vizinhança do grupo. Em 2007 eram sete loja e hoje são mais de 150. Neste ano investimos em duas novas lojas na região Nordeste, uma delas a ser inaugurada até dezembro, conta.

Quebradeir­a. Álvaro Furtado, presidente do Sincovaga, que reúne também os supermerca­dos independen­tes além das lojas de grandes redes, diz que o boom das lojas de vizinhança das grandes cadeias levou muitos pequenos lojistas a fechar as portas. Para Nelson Barrizzell­i, professor da FEA/USP, a grande rede também tem desafios para concorrer com a loja independen­te de vizinhança. “O dono mora ali, conhece o cliente e tem o sortimento adequado.”

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AMANDA PEROBELLI/ESTADÃO Marca. Carrefour Express abriu a 101ª loja em São Paulo e tem planos para ir para outras capitais, diz Pina, diretor da rede
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