O Estado de S. Paulo

Alckmin vira opção para presidir PSDB

Partidos. Correntes tucanas convergem para candidatur­a de governador à Presidênci­a; ele também passou a ser cotado como alternativ­a para chefiar e pacificar a sigla em 2018

- Pedro Venceslau Julia Lindner / BRASÍLIA

O governador de São Paulo seria o nome defendido internamen­te por várias correntes do PSDB para chefiar o partido. A avaliação é de que esse seria o melhor caminho para que um pré-candidato ao Planalto viaje pelo Brasil antes do início da campanha.

Em meio à guerra fratricida no PSDB pelo comando do partido, as correntes internas convergem na defesa do governador Geraldo Alckmin como candidato à Presidênci­a da República em 2018. O nome do chefe do Executivo paulista também passou a ser cotado como alternativ­a para chefiar a sigla no próximo ano, o que evitaria um racha na convenção tucana marcada para o dia 9 de dezembro.

Alckmin foi sondado recentemen­te por deputados sobre a possibilid­ade de presidir a sigla, mas desconvers­ou. Embora não descarte a ideia, ele quer preservar a boa relação que mantém com os dois nomes que pleiteiam o cargo: o governador de Goiás, Marconi Perillo, e o senador Tasso Jereissati (CE), presidente interino do partido.

Ambos apoiam a pré-candidatur­a presidenci­al de Alckmin, bem como a maioria da bancada do PSDB na Câmara. Aliados de Perillo dizem que ele aceitaria abrir mão da disputa caso houvesse uma convergênc­ia em torno da tese de eleger o governador paulista para liderar o PSDB. Já Tasso ainda não oficializo­u sua intenção de tentar a reeleição, o que deve acontecer na semana que vem.

A avaliação no entorno de Alckmin é a mesma de setores antagônico­s do PSDB: a presidênci­a nacional do partido é o melhor caminho institucio­nal para um pré-candidato ao Palácio do Planalto viajar o Brasil antes do início de fato da campanha, em meados do ano que vem.

“Aécio foi eleito presidente do PSDB antes de disputar a Presidênci­a, assim como ( o ex-governador) Eduardo Campos, que era presidente do PSB. O Geraldo Alckmin teria uma boa condição para promover a convergênc­ia no partido”, disse o ex-senador José Aníbal, presidente do Instituto Teotônio Vilela, braço teórico do PSDB.

Disputa. O deputado Ricardo Tripoli (SP), líder do PSDB na Câmara, avalia que o nome de Alckmin é atualmente consensual no partido para disputar à Presidênci­a. “A candidatur­a do Geraldo em 2018 é consenso no partido. O prefeito João Doria é um bom nome, mas precisa de mais tempo”, afirmou.

Sobre a disputa interna, ele defende, porém, o nome de Tasso. “Ele tem o apoio da maioria da bancada federal e dos senadores, além da simpatia do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso”, disse Tripoli, destacando que Perillo é governador e deve disputar o Senado, enquanto Tasso estará livre em 2018.

Tasso recebeu Perillo ontem em Brasília e ouviu dele a confirmaçã­o oficial de sua pré-candi- datura a presidente do PSDB.

No encontro, o governador de Goiás indicou apoio ao movimento pró-desembarqu­e do governo Michel Temer. “O PSDB deu a sua contribuiç­ão, ajudou no impeachmen­t ( da presidente cassada Dilma Rousseff), mas agora chega a hora em que vamos focar na eleição”, afirmou.

Segundo Perillo, “seria natural” o desembarqu­e no final deste ano, quando considera que os ministros tucanos devem deixar o governo para focar na eleição de 2018.

O PSDB tem quatro ministros no governo do presidente Michel Temer: Bruno Araújo (Cidades), Aloysio Nunes (Relações Exteriores), Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo) e Luislinda Valois (Direitos Humanos). Destes, os três primeiros são parlamenta­res licenciado­s e devem disputar a reeleição no próximo ano. Oficialmen­te, o prazo de desincompa­tibilizaçã­o vai até abril de 2018.

Visto como integrante do grupo mais governista do partido, Perillo disse que sempre transitou em todas as alas da sigla. “Não me interessa ser integrante da ala A, B ou C, e sim da unidade”, declarou. Segundo ele, o partido vai fazer “um desembarqu­e educado e normal”.

Candidatur­a única. Tasso não descartou a sua candidatur­a, pois disse que tem uma “identifica­ção forte” com uma corrente que existe dentro da legenda e que está sendo pressionad­o a disputar. Ele ponderou, no entanto, que poderia aceitar um acordo por uma candidatur­a única. “Mais importante do que uma conversa sobre o nome de um ou de outro são as ideias. Se as ideias forem as mesmas, nada impede que o nome do candidato seja um só.”

O senador cearense garantiu que ficará no cargo interiname­nte até a Convenção Nacional do PSDB, em dezembro, quando deve ocorrer a eleição. Já Aécio Neves continua como presidente licenciado até lá.

A visita do governador de Goiás ao Congresso ocorreu um dia após deputados tucanos discutirem com Tasso, que classifico­u o episódio como “uma reação delirante de Minas e Goiás”.

Durante o encontro de ontem com Tasso, Perillo tentou desfazer o mal-entendido e creditou o ocorrido ao temperamen­to do deputado Giuseppe Vecci (GO), um dos principais envolvidos. Em conversas reservadas, o governador de Goiás disse que Vecci tem “sangue de italiano” e costuma se envolver em discussões.

 ?? CLAUDINEI LIGIERI/FUTURA PRESS ?? Governo. Alckmin durante cerimônia de nomeação de policiais civis; governador postula candidatur­a ao Planalto em 2018
CLAUDINEI LIGIERI/FUTURA PRESS Governo. Alckmin durante cerimônia de nomeação de policiais civis; governador postula candidatur­a ao Planalto em 2018

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