O Estado de S. Paulo

PF investiga Paulo Skaf, Steinbruch e Palocci

Delação da Odebrecht citou suposto pagamento de propina quando o presidente da Fiesp foi candidato a governador

- Julia Affonso Ricardo Brandt

A Polícia Federal abriu inquérito para investigar o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, por supostos crimes de corrupção ativa e passiva. Aberta em 19 de outubro, a investigaç­ão também tem como alvos o exministro petista Antonio Palocci e o ex-presidente da Companhia Siderurgia Nacional (CSN) Benjamin Steinbruch.

Os três foram citados na delação premiada de executivos da Odebrecht, homologada pelo Supremo Tribunal Federal em janeiro deste ano.

O empreiteir­o Marcelo Odebrecht declarou que repassou R$ 14 milhões a Palocci e R$ 2,5 milhões a Skaf, a pedido de Steinbruch. Em 20 de outubro, o delegado Milton Fornazieri Júnior, um dos que comandam a investigaç­ão em São Paulo, solicitou ao juiz federal Sérgio Moro, da 13.ª Vara Federal em Curitiba, documentos ligados à delação da Odebrecht.

A transferên­cia estava ligada, segundo o executivo, a um “compromiss­o” assumido por Steinbruch com o PT e com o presidente da Fiesp – por causa de sua campanha ao governo de São Paulo. Skaf foi candidato duas vezes: em 2010, pelo PSB, e em 2014, pelo PMDB.

De acordo com os delatores, os valores foram repassados por meio do Setor de Operações Estruturad­as da Odebrecht, o “departamen­to de propinas” da empreiteir­a, segundo investigaç­ões. As quantias não fo- ram registrada­s no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Em junho, o relator da Lava Jato no Supremo, Edson Fachin, determinou que o trecho da delação da Odebrecht que cita Skaf, Palocci e Steinbruch fosse remetido à Justiça Federal em São Paulo, sob o argumento que os fatos teriam ocorrido na capital paulista.

Na ocasião, tanto Skaf quanto Steinbruch defenderam a remessa para São Paulo. A defesa do presidente da Fiesp alegou que os fatos envolveria­m “tão somente contribuiç­ões eleitorais”. Já Steinbruch argumentou que os fatos não teriam relação com a Petrobrás, devendo ser remetidos à Justiça Eleitoral de São Paulo ou à Justiça Federal do Estado.

Defesas. Por meio de nota, a assessoria de comunicaçã­o de Skaf disse que todas as doações recebidas por sua campanha ao governo de São Paulo “estão devidament­e registrada­s na Justiça Eleitoral, que aprovou sua prestação de contas sem qualquer reparo”. Afirmou ainda que o presidente da Fiesp “nunca pediu nem autorizou ninguém a pedir qualquer contribuiç­ão de campanha que não as regularmen­te declaradas”.

A reportagem procurou Steinbruch e a defesa de Palocci, mas não obteve resposta até a conclusão desta edição.

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DANIEL TEIXEIRA /ESTADAO-23/7/2017 Visita. Skaf deixa casa de Temer, após encontro em julho

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