O Estado de S. Paulo

Líder das Farc disputará presidênci­a em 2018.

Rodrigo Londoño, o Timochenko, anuncia candidatur­a em disputa ‘para marcar posição’

- BOGOTÁ

Um ano depois de ter assinado o acordo de paz, o partido de esquerda Farc tentará chegar ao poder na Colômbia com candidato presidenci­al próprio: Timochenko, o líder da guerrilha que já foi a mais poderosa do continente.

Surgida do acordo que pôs fim a um conflito armado de mais de meio século, a Força Al- ternativa Revolucion­ária do Comum (Farc) decidiu disputar as eleições presidenci­ais já em 2018, em sua estreia nas urnas, embora viesse indicando o contrário. “Pelos camponeses sem terra, pelos jovens sem oportunida­des, pelas mulheres sem participaç­ão, é que lançamos nossa candidatur­a”, escreveu no Twitter Rodrigo Londoño. nome civil de Timochenko, o presidente da Farc.

Ele lutará pela presidênci­a de um país historicam­ente governado pela direita, enquanto Márquez, Pablo Catatumbo, Carlos Lozada, Jesús Santrich, Victoria Sandino, ex-delegados de paz, entre outros, liderarão as listas para o Senado e para a Câmara de Representa­ntes nas eleições de março. Com 58 anos, Londoño foi o último comandante da guerrilha das Forças Armadas Revolucion­árias de Colôm- bia, antes que o grupo depusesse os fuzis e virasse um partido neste ano, após assinar o histórico acordo com o presidente Juan Manuel Santos em 2016.

Timochenko, que havia descartado a candidatur­a à presidênci­a, sofreu em julho um acidente cerebral transitóri­o que afetou sua fala e o obrigou a viajar para Cuba, sede do processo de paz e onde se recupera.

Ontem, não esteve presente no ato em que foi lançada sua candidatur­a por motivos de saúde, disse o dirigente rebelde Marco Calarcá, mas mesmo as- sim poderá participar na disputa eleitoral. Imelda Daza, militante da União Patriótica, um partido de esquerda surgido de um diálogo de paz nos anos 1980, será candidata a vice-presidente.

Impacto. “A Farc sabe que com Timochenko não vão ganhar, mas que pode fortalecer o movimento político. A paz significa isso, ir das balas aos votos”, declarou Víctor de Currea Lugo, acadêmico especialis­ta do conflito colombiano da Universida­de Nacional. Para o analista, a candidatur­a de Londoño é uma estratégia de posicionam­ento para medir-se eleitoralm­ente. “A Farc vai saber que tipo de representa­tividade tem”, acrescento­u.

Os rebeldes não fecharam as portas a alianças eleitorais com outras coletivida­des que apoiem a implementa­ção do acordo de paz e com os quais compartilh­em propósitos programáti­cos. Com uma imagem negativa na maioria das pesquisas, a Farc fez sua aposta eleitoral sem que o Congresso tenha aprovado a lei que sustenta o sistema especial de Justiça ao qual deverão se submeter os rebeldes envolvidos em crimes graves durante o conflito, entre os quais estão incluídos Londoño e Márquez.

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RAUL ARBOLEDA/AFP–27/8/2017 Saúde. Timochenko atualmente se recupera em Cuba após sofrer um acidente cerebral

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