O cálculo político do presidente
As primeiras reações de Donald Trump ao atentado em Nova York não são encorajadoras. Trump deflagrou uma bateria de tuítes fustigando mesquinhamente o líder democrata no Senado, Charles Schumer, de Nova York, e fazendo demagogia sobre a imigração ilegal. “Acabo de ordenar à Segurança Interna que endureça ainda mais nosso já extremo programa de veto. Ser politicamente correto é ótimo, mas não neste caso. O terrorista entrou em nosso país por meio Programa da Loteria de Vistos da Diversidade, uma joia de autoria de Chuck Schumer. Quero a concessão de visto com base no mérito.”
A loteria oferece vistos para pessoas de lugares que têm baixa taxa de imigração para os EUA e existe há mais de duas décadas. A resposta de Trump fica limitada a história básica do programa. É verdade que Schumer ajudou a criálo, mas o programa é, em última análise, parte de uma emenda que passou pelo voto bipartidário no Congresso e foi assinada por um presidente republicano.
Com base em fatos conhecidos, também é questionável o fato de Trump culpar pelo ataque uma falha do veto à entrada de imigrantes. Sayfullo Saipov chegou em 2010 vindo do Usbequistão – país de maioria muçulmana que não está na lista dos vetos que o republicano tenta implementar. O governador de NY, o democrata Andrew Cuomo, disse à CNN que Saipov provavelmente tornou-se radical nos EUA. Se isso for verdade, então é o caso de se discutir por que isso aconteceu, e não tentar endurecer os controles de ingresso. Trump está tentando criar uma história envolvendo tanto a necessidade de maior controle quanto uma ameaça genérica que os imigrantes legais supostamente representam. Mas, por mais terrível que este atentado tenha sido, será que reduzir o fluxo de imigrantes legais e ou orientálo “pelo mérito” vai deixar os EUA significativamente mais seguros?
Em troca do aumento da segurança nas fronteiras e de cortes na cota de imigração legal que Trump e alguns conservadores desejam, os republicanos ofereceram um acordo para proteger centenas de milhares de “sonhadores” de deportação.