Um reduto do Islã radical na Ásia Central
País de origem do autor do ataque emNova York, o Usbequistão viu surgir, a partir da década de 1990, um movimento islâmico radical que se espalha atualmente, com vários de seus cidadãos envolvidos em ataques em todo mundo.
Ex-república soviética, laica e de maioria muçulmana, foi dirigido com mão de ferro por Islam Karimov de 1989 até sua morte, em setembro de 2016. Chavkat Mirzioev, ex-premiê, assumiu as rédeas do país, defendendo uma ruptura com o autoritarismo de seu antecessor.
O Movimento Islâmico do Usbequistão (MIO) surgiu no Vale de Ferghana, no leste do país. De 1992 a 1997, o MIO foi acusado de estar por trás de uma série de assassinatos cometidos no reduto onde o grupo surgiu.
A organização tentou introduzir a lei islâmica na região e chegou a lançar uma ofensiva em 2000 no sul do Usbequistão. Severamente reprimido por Karimov, o MIO se juntou ao Tale- ban no Afeganistão, antes de jurar lealdade ao Estado Islâmico (EI) em 2015.
Os islamitas usbeques se fizeram ouvir principalmente no exterior. Como nos demais países da Ásia central, as sombrias perspectivas econômicas e a corrupção levaram muitos jovens ao exílio, principalmente na Rússia.
Segundo os serviços de segurança russos, entre 2 mil e 4 mil cidadãos da Ásia central se uniram às fileiras de organizações extremistas no Iraque e na Síria. Os cidadãos usbeques, ou aqueles de origem usbeque, formam um dos maiores contingentes.
Muitos deles se fizeram conhecer nos últimos anos. Abdulkadir Masharipov, autor do ataque reivindicado pelo EI contra boate em Istambul, que matou 39 pessoas na véspera do Ano Novo, é de nacionalidade usbeque.
Apesar de ter nascido no Quirguistão e possuir nacionalidade russa, Akbarjon Dkhalilov, autor do atentado no metrô de São Petersburgo que matou 14 pessoas em abril, era etnicamente usbeque.