UMA SAUDITA SEM VÉU
Mulheres na Arábia Saudita não gostaram da decisão do governo de conceder cidadania a uma robô que não precisa cobrir sua cabeça para sair em público, nem de um guardião homem. Nas redes sociais, muitos perguntaram se a androide, Sophia, revelada na última semana em uma feira de tecnologia em Riad, será tratada como outras mulheres do reino conservador, agora que é uma cidadã.
A criação da primeira cidadã ciborgue do mundo é o mais recente anúncio inesperado do reino, que em julho concedeu a mulheres o direito de dirigir e permitiu que elas assistam a esportes em estádios, antes exclusivamente masculinos, a partir do próximo ano. Um sistema de guardiões na Arábia Saudita exige ainda que um parente homem dê permissão para que uma mulher possa estudar fora do país, viajar e realizar outras atividades.
“Estou me perguntando se a robô Sophia pode deixar a Arábia Saudita sem o consentimento de seu guardião”, escreveu no Twitter a feminista saudita Moudi Aljohani, que mora nos EUA.
A própria cidadania é alvo de controvérsia. “Atingiu um ponto sensível, que um robô tenha cidadania e minha filha não”, disse Hadeel Shaikh, uma saudita cuja filha de 4 anos com um homem libanês não tem cidadania saudita.
Mulheres casadas com estrangeiros na Arábia Saudita não podem passar sua cidadania para os filhos. O robô foi criado pela empresa Hanson Robotics, de Hong Kong, e inspirado nas feições da atriz belga Audrey Hepburn./