Presidente equatoriano perde apoio do próprio partido
O movimento governista equatoriano Aliança País (AP) consumou na terça-feira sua ruptura depois que a cúpula do partido, ligada ao ex-presidente Rafael Correa, destituiu o presidente do país, Lenín Moreno, de sua direção, o que deve aprofundar a crise política no Equador.
A medida, não reconhecida por ministros de Moreno, aumenta a incerteza sobre a governabilidade do presidente e seu nível real de apoio no Congresso, de maioria governista. A direção nacional da AP anunciou em um comunicado a perda imediata de sua dignidade como Presidente do Movimento Aliança País do senhor Lenín Moreno Garcés.
No mesmo comunicado, a AP convida o ex-presidente Rafael Correa – hoje adversário declarado de Moreno – a acompanhar o processo de reestruturação do partido.
O movimento governista – quedes de aposse de Moreno, em maio, está profundamente dividido entre partidários do presidente e de Correa – acusa o mandatário de governar com o programa da oposição e atentar contra a unidade orgânica do partido.
“A norma interna considera como falta grave, entre outras, as ações políticas que beneficiam objetivamente pessoas ou grupos opositores à política de Revolução Cidadã”, explicou a AP por meio de sua secretária- executiva, Gabriela Rivadeneira.
Pouco depois, em uma breve declaração no palácio presidencial de Carondelet, ministros chamaram a decisão de uma arbitrariedade que não representa o sentimento das bases do partido.
“Eles sabem muito bem que o presidente da Aliança País, como todos seus dirigentes nacionais, são eleitos em uma convenção nacional. Lamentamos esta decisão. Nós continuaremos trabalhando como militantes de nossa organização”, declarou Miguel Carvajal, ministro de Gestão Política. O partido de esquerda, no poder desde 2007, nomeou o ex-chanceler Ricardo Patiño, ligado a Correa, para presidir a AP.
“Hoje adotamos uma decisão valente. O presidente da República chegou à presidência com o voto de mais de 50% dos equatorianos, mas está aplicando o plano de governo da oposição", declarou Patiño.