Queda no calote
Bancos. Melhora da inadimplência, maiores receitas de serviços e diminuição das despesas administrativas e de pessoal ajudam a explicar o ganho de R$ 4,8 bilhões entre julho e setembro; apesar do avanço, ação do banco fechou na mínima do dia, com queda de
Lucro do Bradesco cresce 7,8% no terceiro trimestre
O banco Bradesco anunciou ontem um lucro líquido ajustado de R$ 4,810 bilhões no terceiro trimestre, expansão de 7,8% em relação ao mesmo período do ano passado, quando o ganho somou R$ 4,462 bilhões. Entre os fatores que influenciaram o resultado, a instituição citou a queda dos gastos com calotes de 33,4% em um ano, a melhora da inadimplência, maiores receitas de serviços e a diminuição das despesas administrativas e de pessoal.
Apesar de o resultado ter vindo acima do registrado no mesmo período de 2016, os dados não agradaram ao mercado. O papel Bradesco PN fechou na mínima no pregão de ontem da B3 (Bolsa paulista), com queda de 3,11%, enquanto a ação ON recuou 2,68%. Em relatório, o BTG Pactual classificou os números como “nada inspiradores”. Segundo analistas do banco, a dinâmica dos dados é similar à do Itaú Unibanco, com redução no volume de empréstimos, recuperação nas receitas com tarifas e boas performances na inadimplência e nos custos.
Já analistas do BB-BI afirmaram que o Bradesco teve resultados “estritamente em linha” com a expectativa. Eles ressaltam que o banco ainda terá desafios pela frente, principalmente na integração das operações do HSBC Brasil, adquiridas este ano. Crédito. A carteira de crédito total do Bradesco foi a R$ 486,9 bilhões no fim de setembro. Na comparação anual, quando os empréstimos atingiram R$ 521,8 bilhões, a baixa foi de 6,7%. O destaque no período foi a carteira de crédito voltada à pessoa física, que apresentou leve aumento de 0,1% no trimestre e de 0,7% em um ano, totalizando R$ 172,2 bilhões. Já os empréstimos para empresas encolheram 2,1% e 10,3%, respectivamente, para R$ 314,7 bilhões.
Apesar das quedas no acumulado de 2017, o banco espera cumprir as metas ( guidances) definidas para o crédito para o fechamento do ano, de acordo com o vice-presidente do banco, Alexandre Gluher.
“O último trimestre é um pouco maior para a geração de negócios. A pessoa física já está mostrando crescimento e vemos a carteira de pessoa jurídica próxima de atingir a estabilidade. O guidance vai ser alcançado”, explicou o executivo, em teleconferência.
Gluher afirmou ainda que o aumento da inadimplência nas grandes empresas identificado no terceiro trimestre está relacionado a um caso específico e que o dado não preocupa. “A inadimplência das grandes corporações já bateu o pico entre setembro do ano passado e março deste ano. Vamos ver um cenário com situações pontuais, mas a tendência é de queda.”
A inadimplência das grandes empresas passou de 1,52%, em junho, para 1,8%, em setembro. Em um ano, porém, houve queda de 0,2 ponto porcentual. “As empresas têm evoluído em termos de melhorar os seus balanços e se prepararem para a próxima fase de crescimento, mas ainda estamos sujeitas a alguns impactos”, ponderou o diretor de relações com o mercado, Carlos Firetti.
Já o índice de inadimplência geral teve a sua terceira melhora trimestral consecutiva. O indicador foi a 4,8% no fim de setembro, com queda de 0,6 ponto porcentual em ano.
Patrimônio. Os ativos totais do Bradesco somaram R$ 1,31 trilhão. Em relação ao mesmo período de 2016, quando totalizavam R$ 1,27 trilhão, houve expansão de 3,3%. O banco fechou o terceiro trimestre com patrimônio líquido de R$ 110,3 bilhões, avanço de 11,9% em 12 meses.