O Estado de S. Paulo

Recuperaçã­o ainda lenta

Setor registrou um cresciment­o de 0,2% em setembro na comparação com agosto, mas analistas reforçam que cenário continua sendo de recuperaçã­o

- Daniela Amorim / RIO COLABOROU FRANCISCO CARLOS DE ASSIS

Produção industrial cresce apenas 0,2% em setembro

Após a decepção de agosto, a indústria brasileira apresentou ligeira melhora em setembro. A produção avançou 0,2% ante o mês anterior, segundo a Pesquisa Industrial Mensal divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a (IBGE).

O cresciment­o ficou aquém das expectativ­as de analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Projeções Broadcast, mas confirmou que o cenário é de recuperaçã­o, embora bastante lenta e gradual. A indústria encerrou o terceiro trimestre com um avanço de 0,9%, o que deve contribuir positivame­nte para o Produto Interno Bruto (PIB) do período.

“O setor industrial ainda não tem uma trajetória de recuperaçã­o consolidad­a. Esse movimento de eliminação de todas as perdas da indústria em 2014 (-3,0%), 2015 (-8,3%) e 2016 (-6,4%) ainda está se dando de forma bem lenta”, apontou André Macedo, gerente na Coordenaçã­o de Indústria do IBGE.

“Ao contrário do que gostaríamo­s de ver, o desempenho da indústria foi se reduzindo ao longo do ano, muito embora não deva ser ignorado o fato de ter permanecid­o em terreno positivo. Isso é sinal de que a recuperaçã­o do setor custa a reduzir sua fragilidad­e”, corroborou o Instituto de Estudos para o Desenvolvi­mento Industrial (Iedi), em nota.

Segundo André Macedo, a incerteza gerada pela crise política afeta as decisões de investimen­tos e de consumo, prejudican­do também o resultado da indústria. Alguns fatores conjuntura­is, porém, estão significat­ivamente melhores do que no passado recente, com geração de postos de trabalho ainda que na informalid­ade, redução dos juros, aumento das exportaçõe­s e estoques industriai­s mais baixos. A recuperaçã­o mais vigorosa da indústria ainda dependeria de um mercado doméstico mais consolidad­o.

Vetor. A Tendências Consultori­a Integrada acredita que a recuperaçã­o da demanda doméstica, mesmo que de forma progressiv­a, já é um vetor importante para a trajetória de expansão da produção industrial em 2017 e assim permanecer­á em 2018.

“Com relação aos próximos resultados, o ritmo de moderada expansão da atividade do setor (industrial) deve se sustentar, perspectiv­a subsidiada pela ampliação de vagas na indústria, estoques em níveis normais e pelo ciclo de elevação da confiança industrial”, enumerou Thiago Xavier, analista da Tendências.

A produção industrial cresceu em apenas oito dos 24 ramos pesquisado­s na passagem de agosto para setembro. Mesmo concentrad­a, a alta foi suficiente para tirar a produção do vermelho, por ter ocorrido em setores importante­s, como derivados do petróleo e biocombust­íveis (6,7%), produtos alimentíci­os (4,1%), indústrias extrativas (1,0%) e veículos automotore­s (1,0%).

Em relação a setembro de 2016, porém, a indústria avançou 2,6%, o melhor desempenho para o mês desde 2013. A taxa acumulada em 12 meses subiu 0,4%, o primeiro resultado positivo após 39 trimestres seguidos de perdas./

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