O Estado de S. Paulo

Ministério amplia comitiva do clima e gastará R$ 500 mil

Apesar de cortes orçamentár­ios, Meio Ambiente terá 29 representa­ntes, quase o triplo da equipe que fechou Acordo de Paris em 2015

- Giovana Girardi

Em meio à crise orçamentár­ia, o Ministério do Meio Ambiente ampliou em nove pessoas a comitiva que vai à Conferênci­a do Clima (COP) da ONU, em relação à equipe que foi ao Marrocos em 2016. O gasto para levar os 29 servidores a Bonn, na Alemanha, será de cerca de R$ 500 mil. A COP vai de segunda-feira ao dia 17.

Em meio à crise econômica e diante do risco de ter um orçamento ainda mais reduzido no ano que vem, o Ministério do Meio Ambiente ampliou a comitiva que vai para a Conferênci­a do Clima (COP) da Organizaçã­o das Nações Unidas e vai desembolsa­r cerca de R$ 500 mil para levar 29 servidores para Bonn, na Alemanha. A COP começa na segundafei­ra e vai até o dia 17.

São nove pessoas a mais do que a equipe que a pasta levou para a conferênci­a do ano passado, realizada em Marrakesh e quase o triplo da que foi à Confe- rência de Paris, em 2015, a mais importante dos últimos anos sobre mudanças climáticas. Foi lá que foi fechado o Acordo de Paris, esforço com o qual 196 países se compromete­ram a combater o problema.

Desde então, em reuniões menores e nas conferênci­as anuais (do ano passado e esta agora), os países vêm se reunindo para decidir como vão colocar o acordo de pé. O evento de Bonn é considerad­o de “meio do caminho”, uma vez que somente em 2018 deve ser concluído o chamado “livro de regras” – a regulament­ação sobre como de fato o acordo vai funcionar.

O Estado apurou que a quan- tidade de pessoas levadas para Bonn chegou a provocar um mal-estar entre funcionári­os do ministério, por não verem justificat­iva para tantas pessoas viajarem em meio a um cenário de crise.

O custo por servidor, de acordo com o próprio órgão, é de R$ 17 mil (valor que inclui passagem, hospedagem e diárias).

Além da diplomacia. Por meio de nota, o ministério disse que o número de servidores se justifica porque o País organiza o Espaço Brasil, uma espécie de estande onde ocorrem vários eventos para discutir temas relativos ao clima, como florestas e energia. Países como Estados Unidos e China também têm seus espaços próprios. Para este ano, ao longo das duas semanas, estão previstos 60 eventos, muitos dos quais são conduzidos por universida­des e ONGs.

“Daí a necessidad­e de uma quantidade maior de servidores – o Brasil deixou de participar apenas das negociaçõe­s diplomátic­as e passou a protagoniz­ar entre os espaços com maior destaque da conferênci­a”, diz a nota. O Espaço Brasil, porém, não é novidade. Ele já tinha sido organizado na conferênci­a de 2016, com cerca de 40 eventos. E em 2015, em Paris, houve também uma semana de discussões e apresentaç­ões paralelas na Embaixada do Brasil.

Segundo a nota, o ministério “é o grande ator e responsáve­l pela imagem do País na conferênci­a”. A gestão Michel Temer tem sido alvo de críticas na área ambiental, após propor a redu- ção de áreas de conservaçã­o e a extinção de uma reserva mineral na Amazônia.

A pasta diz que nesta conferênci­a, “além da presença da Secretaria de Mudança do Clima e Floresta, unidade de planejamen­to da política climática no ministério, essencial nas mesas de negociação, contará também com Serviço Florestal Brasileiro, Agência Nacional de Águas e Ibama, cuja atuação na gestão, fiscalizaç­ão e conservaçã­o ambiental é fundamenta­l para a implementa­ção da contribuiç­ão brasileira assumida sob o Acordo de Paris e o atingiment­o das metas nacionais de redução dos gases de efeito estufa”.

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