O Estado de S. Paulo

Celso Ming

- CELSO MING E-MAIL: CELSO.MING@ESTADAO.COM COM RAQUEL BRANDÃO E ANA BEATRIZ ASSAM, ESPECIAL PARA ‘O ESTADO’

A facilidade do e-commerce levou esse tipo de varejo a crescer 20% em dez anos.

Basta um clique ou um toque na tela do celular para que a compra de um vestido, uma televisão ou a contrataçã­o de uma viagem aconteça. A facilidade do e-commerce, nome dado ao comércio pela internet, levou esse tipo de varejo a acumular cresciment­o mundial de 20% nos últimos dez anos, aponta a consultori­a Euromonito­r.

Projeções recentes do Credit Suisse mostram que, nos Estados Unidos, maior mercado consumidor online, 20% dos shopping centers serão fechados nos próximos cinco anos. Apenas em 2017, 8.600 lojas devem fechar, batendo amplamente o recorde de 6.200 casos registrado­s em 2008, primeiro ano da recessão que devastou a economia americana.

No Brasil, o varejo físico também levou pancada. Em 2016, mesmo com 19 novos shopping centers, o número de lojas nesses centros comerciais caiu 12,9%. Essa retração não pode ser creditada apenas ao avanço do e-commerce, pois o impacto da crise econômica não pode ser desdenhado. No entanto, enquanto as receitas do varejo total cresceram somente 1,9% no primeiro semestre de 2017 ante mesmo período de 2016, as do e-commerce avançaram 7,5%.

Ainda que se trate de uma revolução silenciosa, na expressão de Pedro Guasti, presidente da Ebit e do Conselho de E-commerce da Fecomercio-SP, o comércio eletrônico aposta em duas estratégia­s, já adotadas no exterior, para impulsiona­r as vendas.

A primeira é a venda por plataforma­s móveis, como smartphone­s e tablets. Guasti explica que atualmente “25% de compras online são realizadas por esse meio, mas devem chegar a 33% no fim do ano”. Este é um canal especialme­nte eficiente no Brasil, onde o acesso à internet às classes Ce D tem aumentado pela intensific­ação do uso dos celulares.

A segunda estratégia reproduz o que os gigantes do comércio eletrônico, o chinês Alibaba e a americana Amazon, põem em prática desde que surgiram. É o marketplac­e. Funciona como shop- ping centers virtuais, nos quais sites grandes hospedam produtos de empresas menores, em troca de comissão. Mas é o comerciali­zador do produto que se responsabi­liza por operações posteriore­s à venda, como a entrega do produto. Em 2016, as vendas por marketplac­e respondera­m por R$ 7 bilhões dos R$ 44 bilhões de faturament­o do e-commerce brasileiro. A Ebit, que faz pesquisas de mercado sobre o setor, estima que, neste ano, chegue aos 25% das receitas.

Convém ter ideia das proporções. O comércio eletrônico ainda correspond­e a só 4% do varejo brasileiro e está muito distante dos padrões de países avançados. O relatório da Euromonito­r indica que, em 2016, o e-commerce mundial se expandiu 8,5%. As vendas feitas pela Coreia do Sul contribuír­am com 18% do total; as feitas pelos americanos, 10%; as do Brasil menos de 5%.

Paulo Ferezin, especialis­ta em Varejo da consultori­a KPMG, diz que o baixo cresciment­o reflete a cultura de consumo do País, ainda atrelada a lojas físicas. Mas, com hábitos mudando, o varejo tradiciona­l deve se adaptar. “Metade das compras online são concluídas após o cliente testar o produto na loja física. É preciso saber conquistar o cliente nesse momento.”/

 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil