Procuradora quer que Aloysio explique repasse de R$ 500 mil
Raquel Dodge pede ao Supremo que chanceler esclareça sobre quem ele apresentou a um dos delatores da Odebrecht
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, quer ouvir novamente o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), nas investigações sobre um suposto repasse de R$ 500 mil da Odebrecht para a sua campanha eleitoral ao Senado em 2010.
Em petição encaminhada ao ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, relator do caso, Raquel afirma que é necessário esclarecer quem Aloysio Nunes apresentou ao delator Carlos Armando Paschoal, o “CAP”. Ex-diretor da empreiteira em São Paulo, Paschoal é um dos 77 executivos da Odebrecht que admitiram repasse de supostas vantagens indevidas a políticos em acordo com a Procuradoria-Geral da República.
Na petição, Raquel afirmou ser “incontroverso” o repasse de R$ 500 mil da Odebrecht para Aloysio Nunes. O documento foi juntado ao inquérito sob tutela de Gilmar que investiga o chanceler e o seu antecessor na pasta, o senador José Serra (PSDB-SP), por suposto recebimento de vantagem indevida da empreiteira. Eles negam.
“É fato incontroverso que houve o repasse de recurso para a campanha do senador Aloysio Nunes. Resta investigar a origem desses recursos e a finalidade do repasse”, afirmou Raquel.
Em maio, o ministro admitiu em depoimento à Polícia Federal ter pedido doações para a campanha de 2010 à Odebrecht. Ele confirmou ainda ter se reunido no Palácio dos Bandeirantes com Paschoal, que o acusa de receber R$ 500 mil em caixa 2, em dois repasses.
Além de ouvir Aloysio Nunes, Raquel quer perguntar ao coordenador da campanha do tucano ao Senado, Rubens Rizek, “se sabe declinar a pessoa que recebeu os R$ 500 mil, em duas parcelas, como afirmado pelo senador Aloysio Nunes e pelo colaborador Carlos Armando Paschoal”. Outro delator, Benedicto Júnior, o “BJ”, ex-presidente da Construtora Norberto Odebrecht, afirmou ter autorizado repasses à campanha do tucano ao Senado.
Defesa. Em nota, a assessoria de imprensa do chanceler disse que a procuradora-geral da República “erra gravemente quando afirma ser ‘incontroverso’ o recebimento de contribuição não declarada da Odebrecht pelo ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, à sua campanha ao Senado, em 2010”. “Na verdade, os delatores não foram capazes de esclarecer quem pagou, nem onde, nem muito menos quem recebeu os recursos.”
Segundo a nota, “conforme relatos dos delatores, a empreiteira nunca condicionou a resolução de problemas envolvendo obras ao pagamento de vantagem indevida ou mesmo a realização de doação eleitoral”. A assessoria ainda disse que “não há que se falar em crime de corrupção, como será comprovado ao final da investigação”.